Apesar do discurso conciliatório do deputado Natálio Stica na despedida da liderança do governo – ele chegou a pedir desculpas por algumas declarações mais pesadas contra os peemedebistas – a crise entre as bancadas do PMDB e PT se acentuou na sessão de ontem com manifestações de deputados petistas e a conseqüente reação de peemedebistas. A troca de acusações deu o tom e prenunciou que o próximo líder do governo terá algumas dificuldades para reconciliar os dois principais partidos da base de apoio ao Palácio Iguaçu.
O presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, disse que o seu partido pode sair em busca de novos aliados e o deputado Elton Welter (PT) afirmou que é preciso aprender com os erros e "escolher melhor os companheiros de caminhada". O líder da bancada do PMDB, Antonio Anibelli, interrompeu o discurso de Welter e acusou o PT de incompetência na negociação da composição das comissões. Welter, que era tido como um dos petistas mais próximos ao Palácio Iguaçu, ignorou a interferência e continuou num discurso em que acusou a bancada do PMDB de não cumprir o slogan da propaganda do governo peemedebista "palavra dada, palavra cumprida". Anibelli retrucou. "E quem traiu vocês na Câmara Federal? Não foi o PMDB." O confronto entre os dois deputados remete ao início das discussões das comissões, quando Anibelli disse que o petista não tinha competência para ser o presidente da CCJ.
Para Dobrandino, a aproximação da sucessão estadual torna cada vez mais difícil unificar a base do governo e avaliou que o afastamento entre os dois partidos é parte do processo eleitoral do próximo ano. "A disputa política veio para dentro da Assembléia. Se, infelizmente, o PT sair , nós teremos que buscar outros aliados", afirmou.
Novo aliado
Para o deputado Florisvaldo "Rosinha" Fier, o PMDB já escolheu o próximo aliado, quando concordou com a eleição do deputado Durval Amaral (PFL) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, que estava prometida para o PT. "O PMDB não é um partido confiável. Sua atuação na Assembléia Legislativa do Paraná revela que o aliado preferencial do partido no Estado, nas próximas eleições de 2006, tende a ser o PFL", atacou Rosinha.
Já o presidente estadual do PT, deputado André Vargas, disse que a eclosão da crise entre os dois partidos faz parte de um processo bem mais antigo que a negociação das presidências das comissões e que não está localizada apenas na Assembléia Legislativa. Segundo Vargas, as críticas do governador Roberto Requião ao governo Lula se incluem na política de afastamento entre as duas siglas. "A gratidão não é o forte do Requião. O Lula elegeu o Requião no segundo turno e qual foi o ato de solidariedade e companheirismo que o Requião teve até hoje com o governo?", atacou.