Cresce a criminalidade no Congresso

Com cerca de 40 mil pessoas circulando diariamente por suas dependências, o Congresso Nacional é mais habitado que muitas cidades brasileiras e, por isso, não está livre da criminalidade. Levantamento do Congresso em Foco apurou a ocorrência de mais de 600 infrações no ao passado e a previsão de que, em 2007, o número de ocorrências registradas pelas delegacias do Legislativo podem crescer, até, 10%.

Os delegados responsáveis pela segurança das Casas, contudo, entendem que esse aumento não significa que a criminalidade no Congresso esteja em alta. Eles alegam que muitos casos envolvem situações de baixa periculosidade e entendem que, antes da existência das delegacias, os crimes aconteciam em maior número, mas não eram registrados. Para o diretor da Polícia do Senado, delegado Pedro Ricardo, após a criação das delegacias, em 2005, percebe-se a diminuição dos delitos, já que a existência de uma delegacia própria no Congresso inibiu os criminosos. Já para o delegado Gilmar Araújo, do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, a grande maioria das ocorrências não tem grande gravidade, como extravios e desacatos. Mas o balanço feito pelo Congresso em Foco, mostra, também, alta concentração de estelionatos e furtos.

No ano passado, a Câmara foi vítima de uma quadrilha que fraudava documentos para obter empréstimos consignados em nome de servidores. Agora, são os cheques e cartões clonados que assombram o Legislativo. Outro caso que ficou famoso na Casa foi o de um falso padre que visitava os gabinetes dos deputados, fazia orações e saia com centenas de reais em doações para sua ?paróquia?. Os deputados também foram vítimas das quadrilhas especializadas em roubar milhas de companhias aéreas. Por telefone, o golpista simulava ser funcionário da Varig e, com astúcia, conseguia obter a senha do parlamentar.

Dois ex-presidentes da República, a líder do governo no Congresso e o presidente do PSDB passaram momentos de tensão este ano por conta de uma brincadeira de mau gosto no Anexo I do Senado. Todas as semanas, um funcionário disparava o alarme contra incêndio do prédio, onde se encontram os gabinetes de parlamentares como Fernando Collor (PTB-AL), José Sarney (PMDB-AP), Roseana Sarney (PMDB-MA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A delegacia do Senado prendeu, ainda, um corretor de banco por tentativa de suborno e estelionato. Ele queria ?comprar? uma servidora do Senado para ela atestar, com um selo da Casa, um documento falsificado. No estacionamento que o Senado compartilha com o Ministério da Justiça, os policiais tiveram que desmontar um ponto de jogo do bicho. ?Não havia barraquinha. Ele ficava por ali fazendo o jogo com o bloquinho e a caneta na mão ou no bolso?, conta o delegado Marcus Vinícius Reis. O rapaz assinou um termo circunstanciado e passou a responder a processo no Juizado Especial Criminal.

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