CPI termina sem votação do relatório

O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Grampo Telefônico foi entregue ontem à mesa executiva da Assembléia Legislativa, na última sessão legislativa deste ano, mas não chegou a ser discutido nem votado. No documento, o relator, deputado Jocelito Canto (PTB), sugere que as investigações prossigam na próxima legislatura e que se realize abertura de novas comissões para investigar se as companhias telefônicas estão tomando medidas para a prevenção de ocorrência de escutas ilegais.

?Fiz o que pude. Tivemos nossos trabalhos prejudicados pela falta de tempo?, afirmou Canto. Em virtude de ter sido proposta no final dos trabalhos legislativos, a CPI teve curta duração. Além disso, foi esvaziada pela bancada de oposição, que foi contra a abertura da CPI, por entender que a comissão não conseguiria concretizar o objetivo de investigar em tão pouco tempo a realização de escutas ilegais nos últimos doze anos. Foram cinco sessões e três depoimentos: um do coordenador da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), promotor Paulo Kessler; do ex-coordenador da PIC, procurador Dartagnan Cadilhe Abilhôa; e do policial civil Délcio Razera, preso sob acusação de ter realizado escutas telefônicas ilegais.

Para o relator, a contribuição de Razera foi importante porque até então o policial nunca tinha dado sua versão dos acontecimentos. ?Razera confirmou que Requião não era o mandante e isso agora está esclarecido?, disse Canto. Quando questionado se a CPI não teria se concentrado demais em conhecer os procedimentos do Ministério Público em detrimento de outros aspectos relacionados a grampos ilegais, Canto disse que isso não ocorreu e que foram colocados no relatório depoimentos dos interessados.

Desconstrução

Kessler: Razera tentou desqualificar a PIC.

Diferente de Canto, o coordenador da PIC, Paulo Kessler, avalia que na CPI houve uma tentativa de desconstituição de uma das linhas de atuação do Ministério Público. ?O foco da CPI foi a atuação do MP. A CPI foi uma pré-construção da tese de defesa de Razera e dos possíveis reflexos que a atuação dele possam trazer?, disse.

Kessler afirmou também que as declarações de Razera sobre sua atuação na coordenadoria da PIC não têm fundamento. ?Ele transforma meias verdades em mentiras. Razera não se defende da prova que temos. Ele tentou desqualificar a PIC como estratégia de defesa. Quer ser preso político.?

Segundo ele, é um absurdo a afirmação de Razera de que haveria um acordo com o Juízo de Campo Largo para condenar o policial. O promotor explicou que a investigação de Razera foi desmembrada de outra que a PIC estava fazendo em Campo Largo desde 2005, em que monitorava o técnico Isaque Pereira da Silva. Segundo Kessler, Silva fazia grampos ilegais para diversas pessoas. ?Nesse época eu nem era coordenador da PIC. Quando assumi é que soube da investigação de Isaque (Silva). Depois disso, por volta de maio de 2006, é que soubemos dos intensos vínculos de Razera com Silva?, disse.

Para Kessler, não há fundamento na acusação de que usou a PIC por motivos pessoais. ?A guarda da minha sobrinha já está definida há bastante tempo?, explicou. Razera acusou Kessler de monitorar Deni Mateus dos Santos, pai de sua sobrinha, a fim de garantir numa disputa judicial a guarda da criança para a irmã do coordenador da PIC.

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