Os 11 membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, instalada nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa do Paraná encontraram-se nesta tarde com o secretário estadual de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, para pedir que todas as informações já levantadas pela polícia no inquérito que investiga as descobertas de escutas ilegais e aparelhos de gravação da Casa sejam repassadas aos deputados.
O presidente da Comissão, Marcelo Rangel, crê que essas informações orientarão o trabalho da CPI, que faz sua primeira reunião na segunda-feira, quando devem ser eleitos relator e sub-relator.
Na tarde desta quinta-feira foram nomeados os onze membros da CPI. Além de Rangel, que como proponente presidirá a comissão, trabalharão na investigação os deputados Pedro Lupion (DEM), Fernando Scanavaca (PDT), Ney Leprevost (PP), Mauro Moraes (PSDB), Nereu Moura (PMDB), Professor Lemos (PT), Gilberto Ribeiro (PSB), Roberto Acioli (PV), Teruo Kato (PMDB), E Anibeli Neto (PMDB).
“A CPI é o instrumento legal e mais importante do Legislativo para investigar irregularidades em todos os poderes, inclusive no próprio Legislativo. E o que aconteceu aqui foi um atentado ao poder público. Não podemos nos omitir”, disse Rangel para justificar a CPI.
Para ele, apesar de o caso já estar sendo investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, a CPI pode dar mais celeridade às investigações. “Só a CPI pode convocar pessoas para depor sem mandado judicial. Além disso, as sessões são abertas, todos podem ter acesso aos depoimentos, é bem mais transparente que um inquérito policial. E, como o crime aconteceu em local público, as informações têm que ser públicas”, argumentou.
Rangel disse que as primeiras questões que quer esclarecer na CPI são: quem tinha acesso às gravações, quem tinha interesse nas escutas e de que forma elas foram usadas. “Há sim a necessidade de uma CPI, porque é, também, uma questão política. Dependendo da forma como foram usadas, essas escutas podem ter mudado os rumos do trabalho legislativo”, reforçou.
O presidente da CPI antecipou que pretende convocar para a depor na CPI todas as pessoas que tinham acesso às salas grampeadas: presidência, primeira-secretaria e sala telefônica. Assim os ex-seguranças da Casa podem ser os primeiros ouvidos.
“Mas também ouviremos os deputados, que demonstraram total disposição em ajudar. Queremos saber se algum deputado foi chantageado ou pressionado por conta de informações ouvidas ilegalmente”, disse Rangel, que considera improvável o envolvimento de deputados com as escutas.