Para evitar o agravamento da crise política criada entre governistas e oposicionistas por causa de pareceres elaborados pelas sub-relatorias, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios enterrou definitivamente a idéia de elaborar e votar separadamente relatórios, por temas.
Um relatório parcial com informações das sub-relatorias de contratos, a cargo do deputado petista José Eduardo Cardozo (SP), e de movimentações financeiras, que cabe ao tucano Gustavo Fruet (PR), será apresentado pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). O relatório de Fruet deveria ter sido votado quarta-feira, mas a votação foi cancelada.
O esforço da CPI é evitar fracassos recentes como da CPI do Mensalão, que terminou sem relatório, e da CPI da Terra, em que foram elaborados dois relatórios, um oficial e um paralelo, com versões opostas. O histórico inclui também a CPI do Banestado, em que houve um relatório do PT e outro do PSDB.
"É preocupante o malogro das últimas CPIs, com finais melancólicos que devem servir de alerta. É impossível pedir aos parlamentares que sejam magistrados. Não somos, somos engajados. Mas devemos evitar atritos maiores. Tenho a sensação que esta CPI está cansando a todos", disse hoje o senador Jefferson Péres (PDT-AM).
Serraglio procurou minimizar as desavenças entre Cardozo e Fruet e disse que "votar ou não votar (relatórios por temas) não interfere em nada o destino da CPI". Caberá a ele a decisão sobre inclusão de políticos na lista dos que receberam recursos de caixa 2 do empresário Marcos Valério de Souza.
Um dos principais motivos da discórdia foi que Fruet não incluiu em seu relatório parcial o nome do senador tucano Eduardo Azeredo (MG), que teve recursos do caixa 2 de Valério em 1998. Os petistas reivindicaram a inclusão do nome do senador em resposta à conclusão de Fruet de que os empréstimos de R$ 55 milhões do Banco Rural e do BMG a Valério foram "uma farsa".
Os petistas elaboraram um relatório paralelo, com críticas a Fruet. Serraglio deverá fazer uma combinação dos dois relatórios. Fruet concordou com o fim da votação dos textos parciais: "A única função dos sub-relatórios é compartilhar as informações com os outros integrantes da CPI, não tem sentido eles serem votados."