CPI do Banestado espera documentos e assistência

Além dos depoimentos que estavam previstos para a reunião de ontem – da contabilista e assessora da vice-presidência do Banestado em 1998, Eliody Werneck de Andrade, o gerente de Contabilidade e responsável pelo balanço da instituição entre 1999 e 2000, Georg Ernest Wieler, e o ex-gerente da inspetoria e auditoria realizada no banco em 1998, Domingos Matias da Silva – a CPI do Banestado instalada na Assembléia Legislativa ouviu ontem a representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco de 1995 até a privatização, Zinara Margarete Andrade do Nascimento, que revelou ter exposto em cartas enviadas a diretoria do banco, ao Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários as operações irregulares ou suspeitas que chegaram ao conhecimento do Conselho.

A ex-funcionária colocou à disposição da CPI as cartas e outros documentos em que manifestou dúvidas a respeito de operações realizadas pelo banco no período em que integrou o CA, com as respectivas respostas. O presidente da comissão, deputado Neivo Beraldin, informou aos membros da CPI que remeteu convocação ao Ministério Público para que participe das reuniões, mas até ontem ninguém havia comparecido. Também continua aguardando os documentos referentes aos balanços e balancetes do Banestado solicitados ao TC e as cópias dos processos envolvendo o Banestado e suas subsidiárias solicitadas ao Tribunal de Justiça. Da mesma maneira, requereu o acompanhamento da Procuradoria Geral do Estado, da Secretaria da Fazenda e do Tribunal de Contas para os depoimentos que estão sendo recolhidos, mas até ontem não havia obtido resposta. Uma nova reunião da CPI está marcada para quarta-feira, e Beraldin anunciou que vai convidar a ex-diretora do Banco Central, Tereza Grossi, para que preste esclarecimentos aos parlamentares. Grossi, como se recorda, chegou a afirmar há alguns anos que o Banestado “era dirigido por uma quadrilha”.

Procedimentos

Eliody Andrade, Georg Wieler e Domingos da Silva confirmaram em seus depoimentos que o contrato firmado pelo governo do Estado com a União para saneamento do Banestado foi integralmente cumprido, inclusive com a ingestão de R$ 322 milhões (valores corrigidos) no Funbep -associação de funcionários do banco. A divergência de valores, segundo explicou Eliody, se deve ao fato da questão ser tratada em duas clausulas, uma delas condicionantes. O valor de R$ 547 milhões só seria integralizado se isso se tornasse necessário com a retirada do patrocinador. Como a retirada não ocorreu, o pagamento ficou limitado primeira parcela. O valor restante foi destinado pelo próprio Banco Central para recompor o patrimônio do Banestado.

Domingos Matias informou que as irregularidades apontadas em relatórios elaborados durante sua gestão ( tratando principalmente de apropriações e diferimento de operações irregulares) foram transformados em processos administrativos e encaminhados ao Comitê Disciplinar do banco.

Wieler ponderou que as diferenças patrimoniais apontadas nos balanços do período de saneamento se devem ao provisionamento de créditos exigido pelo contrato. Nenhum dos ex-funcionários soube explicar os critérios utilizados para a definição dos “créditos podres”. Argumentaram que essa função era da Diretoria de Crédito, a qual nenhum deles estava afeto. A ex-conselheira Zinara Nascimento relatou que tentou por todos os meios disponíveis obter essas informações junto ao banco e outras entidades da área, sem êxito. Num ponto todos mostraram estar de acordo: a Banestado Leasing foi o grande celeiro de problemas para o Banestado. Segundo Zinara, “os recursos eram captados a curto prazo pelo banco e emprestados com longo prazo para liquidação. Tudo isso foi levado ao Ministério Público, os envolvidos tiveram o sigilo bancário quebrado mas, até agora não se tem conhecimento de que tenham sido punidos nem de que um centavo sequer tenha retornado aos cofres públicos” .

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo