Os deputados estaduais que compõem a CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo ouviram hoje quatro cooperados que se dizem prejudicados pela entidade. A comissão colheu até agora o depoimento de oito pessoas que acusam a Bancoop de irregularidades na entrega de imóveis financiados pela entidade. De acordo com o advogado Valter Picazio Júnior, que representa a maior parte dos cooperados, em torno de 8,5 mil famílias foram lesadas.
O primeiro a prestar depoimento foi Daniel Pires de Carvalho. Ele relatou que adquiriu em 2001 um apartamento no Jardim Anália Franco, por meio de um financiamento da Bancoop, tendo quitado todas as prestações. O mutuário, que diz já ter pago R$ 200 mil, reclama que o imóvel foi entregue incompleto e com um ano de atraso. Em outro depoimento, Marlene Fernandes disse que adquiriu em 2000 um apartamento no Residencial Altos do Butantã. Em 2002, quitou o imóvel por R$ 64 mil, mas, segundo ela, o recebeu incompleto em 2006. Marlene disse que a Bancoop cobrou mais R$ 33 mil a título de aporte.
Sandra Aparecida de Souza afirmou ter pago R$ 120 mil por um imóvel no condomínio de casas Villas da Penha. Segundo ela, a cooperativa ainda cobra R$ 89 mil para sanar problemas de acabamento. Já Rosi de Oliveira comprou em 1997 unidade no condomínio Torres de Pirituba por R$ 50 mil e recebeu em 2005 cobrança adicional de R$ 5,8 mil.
A assessoria de imprensa da Bancoop ressaltou que uma das cláusulas do termo de adesão firmado com os cooperados prevê a cobrança de um adicional para alterações nos valores de lançamento do empreendimento. O ex-presidente da cooperativa e tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o promotor de Justiça José Carlos Blat prestarão depoimento apenas em agosto. O promotor acusa a Bancoop de desviar cerca de R$ 100 milhões de recursos dos cooperados para campanha do PT.