Os deputados da CPI da Copel voltaram a se reunir na manhã de ontem, na Assembléia Legislativa, para promover uma acareação entre o atual diretor administrativo e de participações da Copel, Gilberto Griebeler, e o diretor-presidente da DM Construtora de Obras Ltda., Darci Fantin, cuja empresa foi responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Foz do Rio Chopim, no município de Cruzeiro do Iguaçu, a partir de financiamento de R$ 26 milhões prestado pela própria estatal paranaense de energia, sócia minoritária da parceria denominada Foz do Chopim Energética. Segundo o presidente da CPI, Marcos Ísfer, a questão é saber por que a antiga diretoria da Copel liberou R$ 26 milhões para a DM quando ela mesma, possuindo os recursos técnicos e financeiros, poderia ter construído a usina.
Com a conclusão da usina, em 2001, a DM passou a pagar o empréstimo feito com dinheiro procedente das vendas de energia elétrica à própria Copel. Desde janeiro último, segundo Gilberto Griebeler, esses pagamentos foram suspensos, como também outros negócios de algum modo lesivos aos interesses da estatal. “Foram suspensos os contratos considerados lesivos, que levariam a Copel a negócios em situação de desequilíbrio econômico. Neste caso, suspendeu-se o negócio de compra e venda de energia”, destacou.
Adiantamento
Darci Fantin, por seu turno, lembrou que a DM foi buscar antes o financiamento junto ao BNDES, negócio que, no entanto, não se concluiu em razão de restrições de última hora, de parte do governo federal. Foi então que, para que as obras se realizassem, a Copel entendeu por fazer um mútuo com a DM, repassando os R$ 26 milhões. “Em nenhum momento houve má-fé”, acrescentou. Diante dos impasses que hoje colocam a DM e a Copel em pólos opostos, Fantin admitiu a possibilidade de se chegar a algum tipo de entendimento, tudo a depender, segundo ele, de uma proposta da estatal. “Eu quero que a Copel me diga o que ela quer”, emendou. De resto, Fantin garante que a DM fará um esforço para ver se até o final do ano que vem liquida o empréstimo dos 26 milhões, conforme proposta a ser apresentada por escrito à Copel. Para o deputado Marcos Ísfer, em todo caso, o que se discute no caso é o “foco” Copel, e não a DM. “Ninguém está afirmando que a DM agiu de má-fé. Estranha-se, porém, nas circunstâncias, o adiantamento de R$ 26 milhões. E isto quando ela, Copel, poderia ter construído a usina”, concluiu.
Ainda durante a reunião de ontem, os deputados da CPI ouviram o depoimento de Renato Torres de Faria, diretor de operações da construtora Andrade Gutierrez, a propósito da participação da Copel no consórcio Dominó, grupo que mesmo minoritário chegou a controlar a Sanepar, durante certo tempo. Indagado sobre o que teria movido a Copel, como empresa de energia, a ingressar no grupo, o depoente se limitou a responder que não poderia falar, a rigor, das razões da Copel. “Para nós ela era e é um bom sócio”, sintetizou.