A CPI da Terra na Assembléia Legislativa concluiu seu roteiro de visitas a assentamentos, acampamentos, cooperativas e invasões em vários pontos do Estado e retornou a Curitiba.
Agora, seus membros vão produzir um relatório da viagem, que será juntado ao relatório final da comissão que está sendo elaborado pelo deputado Mário Bradock (PMDB).
Segundo o presidente da comissão, deputado Élio Rusch (PFL), há elementos suficientes para compor um amplo painel da situação agrária e fundiária no Paraná, que era o objetivo principal da CPI: "As visitas serviram para constatar alguns fatos que haviam sido abordados por depoentes ao longo das sessões que realizamos na Assembléia.
"Um deles é que entre 20% e 30% das pessoas assentadas no início do programa de reforma agrária se desfizeram dos lotes. Levantaram os financiamentos previstos, não aplicaram como deveriam ser feito e venderam o direito sobre a área. Não houve a fiscalização sequer da aplicação dos recursos. Também constatamos casos de arrendamento, o que fere os princípios básicos da reforma", afirmou Rusch.
Para ele, é necessário que a Assembléia Legislativa constitua uma comissão para acompanhar de perto o que está ocorrendo: "Visitamos assentamentos bem sucedidos, onde é visível que os agricultores têm vocação para a terra. Quando falta essa vocação, juntando-se à falta de assistência e estrutura, o resultado é a miséria".
Treinamento
Rusch disse que esperava mais da Coana, de Querência do Norte, citada como cooperativa-modelo: "Pelo que pudemos ver, ela apenas recebe o leite dos pequenos produtores, resfria e repassa a latícinios próximos. A produção de queijos é artesanal e em pequena escala". Na fazenda Junqueira, em Santa Cruz de Monte Castelo, os deputados puderam visitar um centro de treinamento, onde técnicos forneciam orientação sobre produção leiteira, seleção de ervas medicinais e aumento da produtividade no campo. Também faz parte do centro um pavilhão para palestras e um laboratório de ervas medicinais.
Mas a comitiva não conseguiu visitar as invasões da Fazenda Santa Filomena nem da Águas da Prata. Segundo Rusch, os líderes dos acampados resistiram à idéia. No primeiro caso, depois de algum tempo chegaram a concordar: "Aí fomos nós que preferimos não entrar na área invadida, até em função do clima tenso", explicou o deputado. A visita foi acompanhada pelo representante do Ministério Público, procurador Wanderley Batista.