Governadores de três Estados que receberam investimentos da Petrobras foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, em depoimentos à Polícia Federal, como supostos beneficiários do esquema de desvios de recursos e lavagem de dinheiro investigado na operação Lava Jato. É o que informa a revista Veja desta semana.

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São eles: Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, Roseana Sarney, do Maranhão (onde a estatal constrói uma refinaria “premium”), e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no último dia 13. Também estão na lista o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além de seis senadores e pelo menos 25 deputados federais.

O portal estadao.com.br informou em primeira mão, na tarde de sexta-feira, que Paulo Roberto Costa havia revelado à PF os nomes de pelo menos 30 parlamentares que teriam recebido dinheiro do esquema. Entre eles, estaria o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

De acordo com a Veja, Costa também teria mencionado o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados, estariam Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC).

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Também foram citados o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que faria a “ponte” do esquema com o partido. O nome de Vaccari já havia aparecido nas investigações da Lava Jato. Ele teria visitado empresas do doleiro Alberto Youssef, a principal engrenagem do esquema investigado na Lava Jato.

Nas conversas com a PF, o ex-diretor teria dito também que, quando estava na Petrobras, entre 2004 e 2012, conversou diretamente com o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar de assuntos da empresa. Nos bastidores políticos, Costa era apontado como um homem que resolvia problemas. Consta que Lula o chamava de Paulinho.

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Mágoa

Segundo a revista apurou, Costa demonstrou “mágoa” em relação à presidente Dilma Rousseff, que foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil na época em que ele atuava na estatal. Isso porque ela ataca abertamente os ex-diretores pegos na investigação, embora tenha também sido indiretamente beneficiada pelo esquema.

O esquema teria funcionado até 2012, segundo a revista, servindo para garantir a base de apoio político a Dilma no Congresso nos dois primeiros anos de seu mandato. Mas, até o momento, Costa nada disse que incriminasse Dilma.

O conteúdo das conversas com o ex-presidente Lula ainda será detalhado pelo ex-diretor. Da mesma forma, ele ainda vai explicar a participação de cada um dos políticos no esquema.

Nas mais de 40 horas de depoimentos, dados num esquema de delação premiada, Costa tem ajudado os investigadores a mapearem o esquema que se instalou na Petrobras.

Ele confirmou o que já era suspeita: que, para fechar contratos com a estatal, as empresas eram obrigadas a pagar um “pedágio”. Esses recursos eram “lavados”, com a ajuda de Youssef, e depois utilizados para irrigar a base aliada do governo no Congresso Nacional.

Refinaria

Esse esquema teria funcionado, por exemplo, na polêmica compra da refinaria de Pasadena, que rendeu prejuízo de US$ 792 milhões para a Petrobras. Segundo a Veja, Costa teria dito que esse negócio também serviu para distribuir recursos a partidos aliados.

Esse negócio passou a ser investigado por duas comissões parlamentares de inquérito depois que o Estado revelou, em março passado, que o negócio teve a bênção de Dilma Rousseff, então presidente do conselho de administração da estatal.O caso de Pasadena será tema de um depoimento específico do ex-diretor. O delegado que investiga essa operação irá a Curitiba, onde Costa está preso, para ouvi-lo.

Pela sua natureza e função, o esquema agora delatado por Costa é semelhante a outro grande escândalo da administração petista, o mensalão. A diferença, diz a revista, é que agora as cifras são bilionárias.

A Veja diz que o ex-diretor decidiu contar o que sabe porque teme repetir a história do publicitário Marcos Valério. Operador do esquema do Mensalão, Valério optou pelo silêncio e acabou condenado a 40 anos de prisão.

As informações de Costa estão sendo repassadas à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal. Eles entraram no caso porque as denúncias atingem políticos com direito a foro privilegiado.

Uruguai

Em outra reportagem, a Veja relata negócios suspeitos no ramo imobiliário de outro ex-diretor da Petrobras investigado pelo caso Pasadena, Nestor Cerveró. O apartamento em que ele viveu durante cinco anos na Zona Sul do Rio de Janeiro, avaliado em R$ 7,5 milhões, pertence a uma offshore uruguaia que tem como representante no Brasil o advogado Marcelo Oliveira Mello, que seria amigo do ex-diretor.

Este, que atuou no departamento jurídico da Transpetro, uma subsidiária da Petrobras, foi sócio do escritório Tauil, Chequer & Mello, que é parceiro do escritório Thompson & Knight na defesa da estatal no caso Pasadena. Segundo a revista, a offshore comprou o apartamento logo após a estatal ser condenada pela Justiça a comprar 50% da belga Astra Oil.