Corrida ao Planalto será a primeira só com ‘infiéis’

Pela primeira vez desde a redemocratização, o País terá em 2010 uma eleição presidencial só com “infiéis”. Todos os pré-candidatos cotados para a disputa já trocaram de partido ao menos uma vez durante suas trajetórias políticas.

José Serra rompeu com o PMDB e ajudou a fundar o PSDB em 1988. Dilma Rousseff era adversária do PT no Rio Grande do Sul até sair do PDT, em 2000. Ciro Gomes já passou por cinco partidos, e Marina Silva trocou o PT pelo PV no ano passado.

A história indica que, em cada episódio de ruptura, prevaleceu a lógica eleitoral e o pragmatismo, aponta o pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) Celso Roma. Estudioso do PSDB, ele critica os analistas que “valorizam em demasia o aspecto ideológico como variável explicativa da fundação do partido”.

Serra rompeu com o PMDB apenas dois anos depois de ter conquistado, na onda do Plano Cruzado, seu primeiro mandato eletivo, de deputado constituinte, em 1986. Com Fernando Henrique Cardoso e Mario Covas, saiu atirando: o manifesto de fundação da legenda dos tucanos acusava o então presidente José Sarney de “aderir às estruturas autoritárias do Estado em vez de reformá-las” e de deixar que as políticas sociais se esvaíssem “na ineficiência burocrática e no empreguismo”.

O rompimento de Dilma, em 2000, com o PDT foi traumático. Leonel Brizola, seu guru, a pressionava para que deixasse o cargo de secretária de Minas e Energia no governo de Olívio Dutra (PT) e apoiasse a candidatura de Alceu Collares à prefeitura de Porto Alegre, contra o petista Tarso Genro. Dilma preferiu trocar de partido, apoiar Tarso e permanecer no cargo.

Ciro começou no PDS, partido que dava sustentação ao regime militar. Em 1982, foi eleito deputado estadual, e um ano depois foi para o PMDB. Em 88, migrou para o PSDB, pelo qual se elegeu governador do Ceará, em 90. Buscou abrigo no PPS em 96, para disputar a Presidência.

Em 2003, quando o PPS se alinhou à oposição contra o governo Lula, se filiou ao PSB. Marina Silva, um dos símbolos do PT acreano, anunciou sua saída do partido em agosto de 2009 para entrar no PV.

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