Foto: Agência Brasil |
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Mentor: sai de uma e entra em outra. Vai ter que se explicar novamente. |
Uma semana depois de encerrado o processo de cassação, o deputado José Mentor (PT-SP) terá de explicar-se, novamente, à Câmara. O corregedor da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), depois de considerar "gravíssima" a acusação contra Mentor, abriu ontem um processo de investigação para apurar suposto recebimento de R$ 300 mil por ele para livrar o doleiro Richard Andrew de Mol Van Otterloo no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Banestado, que funcionou entre 2003 e 2004 e da qual foi relator. Mentor só não foi notificado ontem da apuração pela Corregedoria porque não foi encontrado em Brasília. A partir da notificação, o deputado do PT de São Paulo terá o prazo de cinco sessões da Casa para apresentar a defesa.
"Um deputado que cobra propina é caso de cassação", adiantou Nogueira. Ele ressaltou, no entanto, que, em primeiro lugar, dará direito de defesa a Mentor e, se o caso for consistente, proporá a criação de uma comissão de sindicância. O assunto deverá ser tratado na reunião da Mesa Diretora da Câmara comandada pelo presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), marcada, anteriormente, para hoje. Depois que o deputado do PT apresentar a defesa, caso abra uma sindicância, Nogueira pretende ouvir o depoimento de Otterloo, dos representantes do Ministério Público (MP) e de Mentor, segundo afirmou.
Com base no testemunho do doleiro, o MP encaminhou uma representação contra o deputado do PT à Câmara por suposta participação em crime de extorsão ou corrupção ativa. Otterloo afirmou que pagou R$ 300 mil de propina a Mentor, por meio de um intermediário, para que o nome não fosse incluído no relatório final da CPI.
A denúncia de que Mentor teria recebido propina mudaria o resultado do julgamento do processo de cassação do parlamentar, se o Ministério Público tivesse encaminhado a representação à Câmara antes da sessão de votação. Essa avaliação foi feita por deputados que integram o Conselho de Ética que tomaram conhecimento da nova acusação contra o petista. Conselheiros usaram a representação dos procuradores de São Paulo para reafirmar que o colegiado estava certo quando aprovou o pedido de cassação de Mentor, derrubado no plenário em uma votação que livrou o petista por falta de 16 votos.
O placar da votação na sessão de quarta-feira passada registrou 241 pela perda de mandato, 165 pela absolvição, 8 abstenções, 6 brancos e 2 nulos, não atingindo o número mínimo de 257 pela cassação. A representação do Ministério Público foi protocolada na Câmara às 20h, quando o plenário julgava Mentor.
