A nota enviada anteriormente tinha uma incorreção no primeiro parágrafo. O nome da plataforma do portal Uol na qual Damares Alves concedeu entrevista é Universa, e não Universia, como constava. Segue o texto corrigido.

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A futura ministra Damares Alves, escolhida por Jair Bolsonaro (PSL) para comandar a pasta Mulher, Família e Direitos Humanos no novo governo, disse ter sido abusada por dois pastores quando era criança. Em entrevista à Universa, do portal Uol, ela deu detalhes sobre os abusos, falou que tentava dar “sinais” do que estava acontecendo, mas que ninguém notava.

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“Fui abusada por dois religiosos. Da primeira vez, foi um missionário da igreja evangélica que frequentávamos na época, em Aracaju. Foram várias vezes em um período de dois anos. Começou quando eu tinha seis anos e a última vez que o vi estava com oito”, relata Damares.

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“(O segundo) não foi às vias de fato. Me recordo de quatro momentos. Passava a mão no meu corpo, me beijava na boca, me colocava no colo. Uma vez ejaculou no meu rosto”, disse.

Ela diz ter se tornado uma criança retraída depois dos abusos. “Me tornei uma menina triste. Antes dos abusos eu sentava no primeiro banco da igreja, cantava feliz, dançava. Depois, não cantava do mesmo jeito, não dançava. Virei uma criança retraída. Tinha pesadelos e gritava à noite”, contou.

De acordo com Damares, seus pais ficaram sabendo sobre os abusos anos mais tarde, mas nada aconteceu. “Já adulta soube que meus pais descobriram. Mas, na época, nada foi feito. Acontece com a maioria das meninas abusadas: algumas não falam porque são ameaçadas, outras, porque têm medo da reação do pai e da mãe e há as que acham que ninguém vai acreditar. Mas eu emitia muitos sinais. Infelizmente, ninguém notou.”

Damares falou sobre a história do pé de goiaba, que ganhou repercussão recentemente por causa do vídeo de uma pregação no qual ela aparece fazendo o relato. A pastora diz que, por causa dos abusos, tentou se matar. Pegou veneno de rato e subiu na árvore, onde costumava ir para chorar sem ser vista, mas desistiu de se envenenar depois de, segundo ela, ter “visto Jesus”.

“Estão me ridicularizando por ter falado isso, mas se vocês não acreditam, problema é de vocês”, afirmou. “Tem criança que vê duende, que fala com fadas. Eu vi Jesus. Percebo que há uma discriminação religiosa sórdida que está banalizando o sofrimento de uma criança.”

Após a repercussão do relato de Damares sobre a visão de Jesus, o presidente eleito chegou a publicar uma mensagem no Twitter em defesa de sua futura ministra. Bolsonaro considerou “surreal” e “extremamente vergonhoso” o que chamou de “deboche” contra a história contada pela pastora.