Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a sete anos e dois meses de prisão no regime semiaberto pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva no processo do mensalão, o ex-presidente nacional do PP, Pedro Corrêa, 66 anos, aguarda a expedição do mandado de prisão para se entregar à Justiça. Ele se encontra na sua fazenda, Boa Esperança, no município de Brejo da Madre de Deus, no agreste.
“Ele já esperava a condenação e assim que for intimado vai cumprir o que a justiça determinar”, informou seu filho, o advogado Fábio Corrêa, 41 anos, provável candidato a deputado federal, em entrevista, nesta quinta-feira, 14, no calçadão da praia de Boa Viagem, no Recife, defronte do prédio onde ele e o pai moram.
Fábio não considera justa a condenação e entende que “todo o julgamento tem sido político”. “Na minha visão não houve mensalão, foi recurso para campanha, como todos os políticos fazem”. Desde que foi cassado no processo do mensalão, em 2006, Pedro Corrêa, que tinha vida social e política intensa, se retraiu, de acordo com o filho. “Desde então ele está recluso, começou a pagar a pena dele, independente da pena judicial” e tem passado mais tempo na fazenda, onde cria gado e bode. “Nada extensivo, é área de seca”, observou Fábio.
De acordo com o advogado, o pai não está tranquilo porque “ninguém fica tranquilo para ser preso”, mas embora tenha brigado judicialmente pela sua liberdade, vai fazer o que for determinado pela justiça. “Ele não vai fugir, já entregou o passaporte”, adiantou.A Polícia Federal em Pernambuco aguarda o mandado de prisão do ex-deputado.
Ex-diretor do BB
Condenado no processo do mensalão a 12 anos e sete meses de prisão, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato estaria há pelo menos dois meses longe de seu apartamento, uma cobertura na rua Domingos Ferreira, em Copacabana, na zona sul do Rio.
Helena Godoy, 76 anos, mora no 4º andar do mesmo prédio desde a infância. Diz que Pizzolato é “bom vizinho” e que se dá bem com a mulher dele, mas afirma que ele pessoalmente não é visto há algum tempo e que provavelmente estaria em propriedades da família em Santa Catarina.
Helena afirma que Pizzolato vinha fazendo nos últimos meses um trabalho pessoal de relações públicas, para melhorar sua imagem perante os vizinhos. Ele distribuiu para os condôminos um exemplar da revista “Retrato do Brasil”, cujo título da edição de março e abril é “A construção do mensalão” – uma coleção de reportagens e artigos contrários à sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou os réus envolvidos no escândalo. Uma das reportagens trata diretamente do caso do Banco do Brasil, intitulado “Não viu quem não quis: os R$ 73,8 milhões do BB foram gastos à vista de todo o País”. Helena não acredita nem desacredita da versão do vizinho. “Ele distribuiu um outro lado da história. São argumentos válidos, mas no final a gente fica sem saber a verdade”, afirma.
Vizinhos e funcionários do condomínio dão versões desencontradas sobre os últimos meses de Pizzolato. Alguns afirmam que ele parecia muito bem, alternando períodos no Rio e em Santa Catarina. Outros dizem que ele teria perdido peso e que estaria passando por depressão profunda.