O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), está se desdobrando para evitar que transpareça sua posição na sucessão estadual, antes que o Tribunal Regional Eleitoral decida sobre a validade da aliança entre PSDB e PMDB do Paraná. Além de uma visita a obras em companhia do governador Roberto Requião (PMDB), realizada ontem à tarde, está prevista uma caminhada amanhã do prefeito de Curitiba com o senador Osmar Dias, candidato do PDT ao governo, no Parque Peladeiro, no Cajuru.
O revezamento do prefeito está confundindo os dois lados que esperavam contar com seu apoio oficial na campanha. A expectativa do PMDB se sustenta na decisão da convenção tucana que aprovou a coligação do PMDB com o PSDB. E no PDT, a adesão de Beto é vista como natural em decorrência do apoio que Osmar deu ao tucano na campanha eleitoral em 2004. Embora não façam cobranças diretas, os pedetistas achavam natural a retribuição do tucano a Osmar, principalmente porque Beto havia se comprometido com a candidatura do pedetista até o momento em que o PDT decidiu lançar o senador Cristovam Buarque à Presidência da República.
Mas o prefeito disse ontem que, enquanto não houver um desfecho jurídico do impasse sobre a aliança, não revela sua posição. Segundo Beto, quando a Justiça Eleitoral decidir sobre a ação de impugnação da aliança apresentada pelo presidente estadual do partido, Valdir Rossoni, ele reúne seu grupo político e decide em que palanque vai subir. Segundo a avaliação do prefeito, independente do que a Justiça determinar, algumas situações já estão consolidadas. Como o apoio do vice-presidente estadual do partido, Hermas Brandão, a Requião. Indicado candidato a vice-governador na chapa do PMDB, Brandão faz força para levar Beto ao palanque do governador. Já do outro lado, Rossoni pressiona para que Beto apóie Osmar.
Passeio protocolar
Beto classifica os passeios com Requião e Osmar como "agenda administrativa". Mas no PMDB e na ala pró-aliança do PSDB, a entrada de Beto na campanha de Requião é tida como certa nos próximos dias. Uma das explicações é que o vice-prefeito Luciano Ducci irá se incorporar à coordenação da campanha de Requião com o aval de Beto Richa.
No PDT, a agenda de candidato do senador Osmar Dias incluiu a caminhada com Beto nos compromissos de campanha. Conforme a agenda, Osmar irá estar ao lado de Beto numa visita a um conjunto de canchas de futebol de areia, às margens da BR 277. A assessoria do prefeito, entretanto, apressou-se a justificar que nos mutirões dos quais ele participa aos sábados sempre pede que sejam chamados deputados federais, estaduais, vereadores. Ontem, em encontro com secretários e auxiliares da Prefeitura, o prefeito disse, em tom de recado, que na Prefeitura não se deve confundir horário de trabalho com campanha eleitoral.
À vontade
O governador Roberto Requião tem deixado Beto Richa à vontade. Na vistoria de ontem, limitou-se a comentar que, neste início de campanha, tem recebido "um apoio enorme" dos prefeitos e que isso se deve ao fato de nunca ter discriminado as cidades como governador, independente do partido de quem as administra. Requião citou que, anteontem, na região oeste, esteve em uma reunião com cem prefeitos. "Noventa e um deles assinaram um manifesto de apoio e gravaram na televisão um discurso de apoio dizendo porque estavam conosco e eram dos mais variados partidos. Do PT passando por todos os outros partidos, PSB, PMDB, PDT, PPS", disse.
