O deputado Rafael Greca decidiu retirar ontem a ação popular que move na Justiça Federal contra a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a fim de impedir a transferência do controle da operação do sistema elétrico da Copel, no Paraná, para a central do Operador Nacional do Sistema (ONS), em Santa Catarina. A decisão foi tomada após reunião com diretores da Copel, que informaram Greca que o ONS irá ceder em quase todas as reivindicações propostas pela Copel, principalmente aquela considerada a mais importante: o controle de operação dos reservatórios do Iguaçu, área de excelência em engenharia, pelos conhecimentos da hidrografia do rio.
No dia 12 de abril, a Copel e o ONS vão celebrar convênio consolidando as decisões anunciadas. "Nossa ação popular acabou em vitória para o Paraná. Sem ela, haveria a transferência automática, sem o importante questionamento técnico, que só a Copel sabe fazer. Essa excelência se traduz no lucro da empresa, o maior do Brasil", afirmou Greca.
O diretor de Geração e Transmissão de Energia da Copel, engenheiro Raul Munhoz Neto, disse que para que as reivindicações fossem aceitas, foi fundamental a mobilização da sociedade paranaense. "Além da ação do deputado Rafael Greca", declarou.
Para Greca, era inadmissível passar para Santa Catarina a operação da bacia do Iguaçu, por impedimento de responsabilidade civil e pelo risco para as cidades do Vale do Iguaçu, sendo União da Vitória a mais atingida. De acordo com o deputado, o presidente do ONS, Mário Santos, quando esteve em Curitiba, em novembro do ano passado, ficou muito impressionado com a argumentação e defesa, referendada pelos engenheiros e conselheiros da Copel, pelo prefeito Hussein Bakri, de União da Vitória, e por ONGs do Vale do Iguaçu.
O engenheiro Robson Schifler explicou que ficam no Paraná, além do controle de operação dos reservatórios, a operação do Sistema de Supervisão e Controle feita pela central técnica em Curitiba. "Isso evita a ausência de contato entre o Operador Elétrico e as unidades da Copel, temida na época do anúncio da transferência para Santa Catarina", disse.
O engenheiro da Copel Jaime Kuhn explicou que mesmo o controle automático de geração, que pela lei nacional é obrigatoriamente do ONS, será monitorado pela Copel, por meio do Centro de Operação de Geração de Campo Comprido, em Curitiba. A Copel manterá também o controle sobre sua rede de subtransmissão elétrica. E vai continuar sendo a representante do ONS frente aos chamados consumidores livres, como, por exemplo, a usina de papel da empresa Klabin em Telêmaco Borba.
Em março de 2005, Greca denunciou o perigo da transferência da operação elétrica da Copel para Santa Catarina. Essa transferência deve-se ao sistema misto, de empresas públicas e empresas privatizadas, de geração e distribuição de energia no Brasil.