A Copel está negociando a compra da participação acionária da El Paso na Usina Termelétrica de Araucária (UEG). O sinal verde para a diretoria da Copel prosseguir com o processo de aquisição dos 60% das ações da empresa norte-americana foi dado ontem na reunião do Conselho de Administração da estatal de energia, que teve a participação do governador Roberto Requião (PMDB). Ele pretende ver o negócio fechado ainda neste semestre, conforme declarou durante a reunião da Operação Mãos Limpas, realizada ontem pela manhã, no Palácio Iguaçu.
A operação de compra pode ser o desfecho de um confronto judicial entre o governo do Estado e a El Paso, que se estende até a Câmara Arbitral de Comércio, em Paris, na França, onde a empresa recorreu contra a suspensão do contrato de compra de energia pela Copel, que detém 20% das ações da usina. O outro sócio é a Petrobras, com 20% das ações. Para que as negociações prossigam, é necessário que a Petrobras também aprove a operação em assembléia, segundo informou a assessoria de comunicação da Copel.
Concebida para produzir energia elétrica a partir do gás natural vindo da Bolívia, a usina está paralisada desde o final de 2002, quando foram constatados problemas na unidade de processamento de gás natural, construída porque a empresa norte-americana alegou que o gás boliviano não era compatível com as suas turbinas. Depois, o governo do Estado informa ter descoberto que as turbinas não apresentavam qualquer problema, mas que a usina é incompatível com o sistema nacional e estadual de distribuição de energia.
Em 2003, quando assumiu o mandato, o governador determinou a interrupção do pagamento mensal pela compra de energia pela Copel, que vinha sendo feito pelo governo anterior, e determinou uma revisão no contrato. Requião argumentou que não ia continuar pagando por um produto que a Copel nunca recebeu e que comprometia um terço das receitas da companhia. Em 2003, os repasses totalizavam R$450 milhões, segundo o Palácio Iguaçu. A empresa moveu a ação na França pedindo uma indenização à Copel, que, conforme o governo, chega a US$800 milhões.
Na Justiça
O governador propôs ao governo federal que a Petrobras e a Copel comprassem juntas a parte da El Paso na UEG. O assunto foi discutido, no ano passado, com a ministra das Minas e Energia à época, Dilma Roussef, antes de ela assumir a Casa Civil da Presidência da República.
Conforme o governo do Estado, a Copel já detém um crédito junto a El Paso, referente ao adiantamento de recursos para a construção da usina e que deveria ter sido ressarcido com o fornecimento de energia. O caso ainda está sendo analisado pela Câmara de Comércio de Paris, que ainda não se pronunciou.
O governo do Estado, por sua vez, tem obtido decisões favoráveis na Justiça brasileira, onde entrou com ação contestando a legitimidade do julgamento da matéria em outro país.
O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, vê possibilidades de um bom acordo para que o interesse público prevaleça. "Os entendimentos entre os sócios agora sobem do nível técnico ao nível das diretorias, o que evidencia a boa vontade e a receptividade mútua em busca de uma solução aos problemas", disse Ghilardi.
