Hubert (a esquerda) suspendeu o encontro. |
Um telefonema do governador Jaime Lerner (PFL) no início da noite para o governador eleito, senador Roberto Requião (PMDB), ajudou a amenizar a crise desencadeada entre os grupos de transição ontem pela manhã, quando o secretário da Fazenda, Ingo Hubert, cancelou a reunião que estava agendada desde a semana passada.
Hubert recebeu a equipe de Requião, mas suspendeu a conversa alegando que havia ficado ofendido com declarações públicas do vice-governador eleito, Orlando Pessuti (PMDB), sobre a confiabilidade dos dados apresentados pelo grupo de Lerner. Pessuti não estava presente e a equipe de Requião estava sendo comandada pelo presidente da Fundação Pedroso Horta, Maurício Requião.
Após o impasse que durou toda a tarde de ontem, Lerner e Requião conversaram para esclarecer o incidente. “Se o pessoal do governo abrir o estado e facilitar o nosso acesso às informações e a nossa equipe cumprir a função de levantar os dados, sem a obrigação de concordar com eles, não teremos atrito”, disse o governador eleito.
Requião afirmou ainda que se o secretário da Fazenda se limitar a cumprir as determinações do governador Jaime Lerner, assim como sua equipe faz em relação às suas orientações, não surgirão novos problemas no relacionamento entre o atual e o futuro governo, nesta fase de transição. “Agora, se o Ingo quiser tocar outra música, nós sabemos dançar”, declarou.
Rompante
O secretário da Fazenda não quis fazer declarações sobre o desencontro da manhã. De acordo com sua assessoria, a reunião foi cancelada por “falta de quórum”. Já Pessuti afirmou que pretendia conversar com o secretário da Fazenda ainda ontem para tentar entender o que aconteceu.
Pessuti disse que não considerou ofensivos, e nem foi sua intenção, os comentários que fez sobre os números da dívida do Paraná. Em entrevista anterior, o vice-governador eleito afirmou que o PMDB discorda dos valores apresentados pelo governo Lerner. Segundo os técnicos de Lerner, o Paraná deve R$10 bilhões. Os levantamentos do PMDB demonstram que os números chegam a R$ 15 bilhões.
“Esses números são motivo de questionamento há anos. Nós temos informações do Banco Central de que as dívidas ultrapassam até os R$15 bilhões. Nós não selamos nenhum pacto de silêncio e nem de comungar das mesmas opiniões. Temos diferenças de projetos e de opiniões. Mas isso é normal. Acho que apesar das divergências, estamos tentando trabalhar harmonicamente, afirmou Pessuti.