Para que serve uma convenção partidária? Para que servem os delegados dos partidos? Nesta eleição de 2010, para três dos principais partidos do processo eleitoral, pouco valeram as grandes reuniões e a opinião de seus convencionais.
PDT, PMDB e PT delegaram para suas comissões executivas (bem mais enxutas, compostas por um número mínimo de dirigentes partidários) a definição do futuro político de suas legendas.
A indefinição sobre a candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo deixou tudo em aberto nos três partidos que propõem fazer uma aliança, mas ainda não sabem como.
O primeiro a seguir esse caminho foi o PDT. Sem a definição sobre para qual cargo concorrerá o senado Osmar Dias, o partido abriu sua convenção no último dia 10, o primeiro dia do prazo da legislação eleitoral.
Mas a ata segue em aberto até hoje, delegando para a comissão executiva a definição sobre candidaturas e coligações. A reunião da executiva está marcada para amanhã, o último dia do prazo. No último domingo, influenciados pela indecisão de Osmar Dias, PMDB e PT seguiram o mesmo caminho, deixando a definição também para amanhã.
A situação mais constrangedora ocorreu no PMDB, que reuniu, na manhã de domingo, mais de cinco mil pessoas no Estação Embratel Convention Center para sua convenção estadual.
Mega estrutura e clima de convenção americana para criar um anticlímax, quando muitos delegado vindos do interior esperavam votar pela candidatura própria, tiveram que aceitar uma “aclamação” para deixar a convenção em aberto à espera da coligação com PDT e PT, delegando o poder à Executiva Estadual.
“A votação dos delegados convencionais foi por aclamação, o que demonstra que é desejo do partido chegar a este entendimento”, afirmou o secretário-geral João Arruda. “O PMDB está na busca da formação de uma grande aliança”, concluiu.
As declarações de Arruda contrastam com o clima da convenção. Todos os líderes peemedebistas foram vaiados quando falaram em coligação e um grupo significativo de delegados deixou o local do encontro quando o presidente do partido, deputado Waldyr Pugliesi anunciou que a questão não seria colocada em votação e sim fechada por aclamação.
A ata do encontro teve de ser reescrita à pressas pelo departamento jurídico do PMDB. A avaliação da cúpula do partido era que, se colocado em votação, poderia vencer a tese de candidatura própria de Pessuti em qualquer cenário.
No PT, a reunião de domingo sequer foi chamada de convenção, sendo batizada de Encontro Estadual. Os delegados, no entanto, contestaram a delegação à executiva de amplos poderes para qualquer definição e conseguiram votar um indicativo de candidatura própria e descartar a construção de um chapão com PMDB, PT e outros cinco partidos nas eleições proporcionais.
“O encontro tem poder deliberativo e a Executiva tem que se pautar por ele. Se não, não precisa convocar mais os delegados”, disse o deputado estadual Tadeu Veneri (PT). “Decisões como essa (de se delegar à executiva) nos aproxima dos outros partidos que têm métodos menos democráticos de decisão e podem comprometer o envolvimento da militância nas campanhas”, acrescentou.
