“Não vamos jogar fora as coisas boas, não vamos jamais cuspir no prato que comemos”. Afirmação foi feita neste domingo, 15, pelo presidenciável Eduardo Campos, em resposta às acusações dos ex-aliados do governo federal que o acusam de ser ingrato e traidor por ter rompido uma aliança de 11 anos que beneficiou Pernambuco nos seus dois mandatos à frente do governo estadual. O mote da traição faz parte da estratégia de campanha dos adversários no Estado.
“Não fico mais em um governo comandado por um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar”, justificou em discurso na convenção da coligação da Frente Popular que homologou os nomes do seu ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara (PSB) e do deputado federal Raul Henry (PMDB) como candidatos a governador e a vice-governador de Pernambuco e do ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB) ao Senado. “Na nossa história, na nossa caminhada não me cabe um pensamento pequeno de ficar só atrás de um projeto de poder pelo poder”.
“Os cargos o tempo leva, o que fica é a dignidade do homem e da mulher”, continuou ao afirmar que conta com o respeito do cidadão e que, em nome desse respeito não fica mais nesse projeto cheio de promessas não cumpridas. “É tempo de agir”, destacou.
Ao lado da pré-candidata a vice-presidente Marina Silva, em um palco tomado por candidatos e representantes dos 21 partidos coligados, Campos foi ovacionado por uma platéia estimada em 20 mil pessoas pelos organizadores do evento, no Clube Português, no Recife. O escritor Ariano Suassuna e a avó de Campos e viúva de Miguel Arraes, Madalena Arraes, tiveram presença destacada, junto com a mulher Renata e os cinco filhos. Foi uma megaprodução com bonecos gigantes, bandeiras, apitaço, gritos de Eduardo presidente e até a música da Copa para reforçar que Campos está no jogo.
Foi a primeira aparição púbica do presidenciável em Pernambuco, depois que instalou seu escritório de campanha em São Paulo. Ele fez questão de dar uma demonstração de força e unidade da coligação, no seu território, onde vai enfrentar, no Estado, o senador Armando Monteiro Neto (PTB), com apoio do PT, que integra a chapa com o deputado federal petista João Paulo como candidato ao Senado.
Arraes contra ameaças
A pré-candidata a vice presidente, Marina Silva, recorreu ao nome do ex-governador Miguel Arraes, avô de Campos, defensor da reforma agrária e da inclusão social, para garantir que o presidenciável não irá retirar benefícios sociais do governo do PT, a exemplo do Bolsa Família, se ganhar a presidência. “Não é verdade, o neto de Arraes não pode ser contra o povo do Nordeste”, disse, rebatendo o discurso do PT. “Miguel Arraes nunca abdicou dos seus princípios”.
“Estamos fazendo esta aliança em dois turnos”, disse ela, sobre a parceria Rede Sustentabilidade-PSB. “No primeiro turno, a aliança será para ganhar cada homem, mulher, jovem. O segundo turno, será uma aliança para governar. Vamos precisar do apoio de todos os brasileiros, mostrando ser possível fazer um outro pacto para o Brasil”.
Primeiro a falar na convenção, o senador Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, pregou que a militância vista a camisa e vá as ruas com a bandeira da continuação em Pernambuco e da mudança no governo federal . “Não podemos ter um retrocesso, parar de crescer”, disse ele. “Essa senhora (referindo-se à presidente Dilma) fez tudo errado e vai perder a eleição para um grande político e homem público, Eduardo Campos”.