Amarrado a uma cruz de ripas, o mineiro André Rhouglas, de 55 anos, passou dez dias em frente ao prédio da Justiça Federal em Curitiba, onde são julgados os processos em primeira instância da Operação Lava Jato.

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O sotaque entrega a mineirice, mas ele faz questão de se apresentar em uma faixa – a menor delas – pendurada na ponta superior do crucifixo que carrega, acima da cabeça: “Sou André Rhouglas de MG. Sou um brasileiro, que faço protesto a favor da paz e contra os corruptos!”.

Na faixa que carrega ao peito, uma foto do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa – o primeiro delator do processo -, ladeada por duas outras emblemáticas figuras da operação: o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Internacional da estatal Nestor Cerveró. Nela, a frase-protesto de duplo sentido: “Não me olhem assim, eu não fiz nada”.

No braço direito, as imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outra de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, com a frase: “Pelo amor do PT não entre em delação”. Em outra imagem, abaixo, caricaturas de Lula e da presidente Dilma Rousseff, com os dizeres: “Eu sou o cara! Nós somos o maior 171 desse País”.

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No braço esquerdo, fotos do juiz da Lava Jato: “Sérgio Moro um patriota”. Abaixo, uma foto em que estão juntos Dilma e os ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney.

Morador de Ponte Nova (MG), Rhouglas percorreu 1,4 mil quilômetros – de ônibus – para chegar a Curitiba. Ele faz lembrar, ainda que remotamente, o Zé do Burro, personagem central da peça O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, que carrega dias a fio uma pesada cruz de madeira em oferenda a Deus pela vida de seu jegue doente, até ser barrado na porta da Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, por ter encaminhado a demanda via mãe de santo.

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Rhouglas chegou à capital paranaense no dia 16 de janeiro e embarcou de volta para Nova Ponte, no interior mineiro, no dia 1º de fevereiro. No dia 26 de janeiro, Moro abriu-lhe as portas de seu gabinete, no segundo andar da sede Justiça Federal.

Depois da insistência da singular figura, que queria conhecer o popular magistrado, Moro o recebeu por alguns minutos para uma troca de palavras.

“Elogiei o trabalho dele, perguntei se ele tinha se formado nos Estados Unidos, ele disse que não. E falei da importância que tem sido o trabalho dele.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.