Contador de Cachoeira se entrega à PF

Único foragido do grupo comandado pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o contador Giovani Pereira se entregou nesta segunda-feira à Polícia Federal, em Anápolis (GO). Encarregado de fazer a contabilidade do grupo e controlar os pagamentos de propina a políticos, servidores e policiais subornados pelo bicheiro, Giovani foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão em 8 de dezembro último por corrupção e formação de quadrilha.

Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, nos dias 22 e 23 de março de 2011, entre Cláudio Abreu (diretor regional da construtora Delta), Cachoeira e o contraventor Rodrigo Santos, mostram a participação ativa de Giovani na destinação de R$ 1 milhão ao ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o bicheiro. Demóstenes negou ter recebido o valor.

Considerado um arquivo vivo da organização, Giovani já vinha sendo procurado desde 29 de fevereiro de 2012, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que desarticulou um esquema de corrupção, tráfico de influência e exploração de jogos ilegais em Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Minas Gerais. Apontado como chefe do bando, Cachoeira foi condenado a 39 anos de prisão pela 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia.

Outros sete operadores da organização criminosa, entre os quais Giovani, também cumprirão parte da pena em regime fechado porque foram sentenciados a mais de 8 anos de prisão. Cachoeira e outros três, todavia, conseguiram habeas corpus para recorrer da sentença em liberdade. Cansado de fugir e acuado pela polícia, o contador resolveu se entregar para tentar a extensão do benefício do habeas corpus.

Cercado por uma equipe da PF na fazenda onde estava escondido nos arredores do município, Giovani negociou rendição e se apresentou ao delegado Angelino Alves em companhia do advogado Calixto Abdala Neto, por volta das 9h40. Ele usou o direito de ficar em silêncio, mas o advogado informou que entrará com pedido de habeas corpus para que o cliente recorra em liberdade, a exemplo de outros condenados no inquérito da Operação Monte Carlo.

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