O ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel reformado da Polícia Militar paulista José Vicente da Silva Filho deixou a campanha do ex-prefeito João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo por considerar uma “falha grave” a promessa do tucano de ampliar de cinco para 22 o número de batalhões especiais no Estado, formados por policiais da tropa de elite da PM.
Silva Filho integrava um grupo com 22 pessoas, entre policiais militares, delegados e especialistas, que elabora o plano de segurança do programa de governo de Doria.
Segundo o coronel, a promessa de aumentar os batalhões especiais não estava sendo discutida no grupo e não resolverá o problema de criminalidade em São Paulo, centrado hoje nos crimes patrimoniais (roubo e furto). “Ninguém sabe de onde veio essa ideia que o Doria tem defendido com tanta ênfase”, afirmou Silva Filho, que também atua como consultor na área no programa de governo do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) – posto que manterá.
“O discurso (de Doria) pode ser interessante do ponto de vista do marketing político, mas tem de ser calcado em dados concretos. Ampliar unidade especial constitui uma falha grave e não leva à melhoria da segurança. Não foi assim que Bogotá, Nova York reduziram significativamente a criminalidade. O Rio de Janeiro tem excesso de unidade especializada e a segurança lá é uma tragédia”, disse.
O coronel afirmou que desde que soube da ideia de Doria, há cerca de 15 dias, se manifestou contra e tentou demover o tucano da ideia. Mas no dia 31, Doria repetiu a promessa em uma entrevista à Rádio Jovem Pan.
“Temos cinco batalhões especiais da PM no Estado. Vamos para 22, já a partir do próximo ano. São policiais militares da Rota, são os mais preparados, os mais municiados, que atuarão no interior. E vão atuar com armas de primeiro mundo, vamos proteger o que é melhor, que é a vida das pessoas”, afirmou o candidato.
Conceito
Segundo Silva Filho, o grupo discutia o conceito de “fortalecimento da polícia territorial” (batalhões e delegacias), integração entre as polícias Civil e Militar, e aprimoramento da inteligência policial. “São esses conceitos de segurança nos quais acredito e que vi funcionar em várias cidades que visitei pelo mundo”, disse. “Não sou contra o Doria, acho que ele pode ser um bom governador. Mas essa ideia que ele está apresentando é completamente equivocada, indefensável. Desafio qualquer um a debater comigo.”
Em nota, a assessoria de Doria afirmou que o tucano “respeita a opinião do coronel” porque ele é “que ele é um dos maiores conhecedores da área de segurança, mas não o único”. A nota diz que Doria “decidiu não ignorar a proposta feita por outros membros do grupo de trabalho para estender os cinco Baep’s (Batalhões Especiais), que foram criados na gestão Alckmin e tem atuado com efetividade no combate ao crime”.
“Levar os Baeps para regiões do Estado que ainda não contam com esse tipo de policiamento ostensivo é um anseio da população e significa, por consequência, expandir o padrão Rota de policiamento. Houve um aumento no tipo de ocorrências de crimes graves no interior do Estado, como assaltos a caixas eletrônicos e transporte de valores”, conclui.
Segundo o deputado estadual Coronel Camilo (PSD), ex-comandante da PM em São Paulo e integrante do grupo de segurança da campanha de Doria, a ampliação dos batalhões foi discutida internamente e é necessária para combater crimes como assalto a carro-forte e caixa eletrônico de bancos, nos quais quadrilhas especializadas costumam usar armamentos pesados.
“Isso não quer dizer que estamos deixando a prevenção de lado. Mas a polícia precisa ter força de reação rápida e proporcional ao tipo de crime a ser combatido”, disse Camilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.