O Conselho de Ética do Senado rejeitou hoje (5) pedido da defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) para a realização de perícia em áudios da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
Relator do processo que pode resultar na cassação do ex-líder do DEM, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que o pedido é uma estratégia da defesa para “protelar” as investigações e retardar a conclusão do processo contra Demóstenes.
“Esse requerimento tinha o objetivo de protelar a decisão que o conselho precisa tomar. É um processo político de verificação de quebra de decoro, isso em nada acrescentaria ao nosso convencimento”, afirmou.
Costa teve o apoio unânime dos integrantes do conselho para a rejeição do pedido. O petista disse que vai basear seu relatório final no depoimento de Demóstenes ao conselho e afirmou já estar “convicto” da decisão que vai tomar -com indícios de que vai pedir a perda de mandato do senador.
“Do meu ponto de vista me sinto plenamente satisfeito em ter as condições para elaborar meu relatório com tudo que foi produzido. A principal fonte foi o depoimento do senador. Ele assumiu que a voz é dele nos diálogos, assumiu o conteúdo de vários deles. Não estamos em busca de provas para um processo penal”, disse.
Costa pretende apresentar o relatório final ao conselho nas próximas semanas para que o textos seja votado no colegiado até o final do mês. O relator quer votar o processo no plenário do Senado antes do recesso parlamentar de julho.
Defesa
Com a decisão, a defesa de Demóstenes estuda recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ter o direito à perícia. “O que poderemos fazer é ir ao STF para garantir o direito de fazer as provas. Há supressões de tempo, transcrições equivocadas de diálogo e trechos editados. Isso chamou a atenção da defesa”, disse o advogado Marcelo Turbay, que integra a defesa do senador.
Turbay afirmou que o único material “isento” seria o HD original com as gravações feitas pela Polícia Federal. O material encaminhado ao conselho e à CPI do Cachoeira, segundo o advogado, reúne trechos compactados dos diálogos gravados que sofreram transformações.
“Se não for possível a perícia em todos os áudios, pelo menos queremos a perícia nos diálogos citados na representação do PSOL [que deu abertura ao processo] e pelo relator”, afirmou o advogado.
O conselho também aprovou hoje requerimento que pede, ao Senado, a movimentação da ex-funcionária da Casa Kenya Vanessa Ribeiro -que teria trabalhado para Demóstenes em Anápolis (GO).
Costa quer investigar se a contratação foi irregular, uma vez que o Senado não permitia antes de 2009 que somente servidores comissionados da Casa poderiam ser lotados em escritórios de apoio.