Apesar de ter sido convocada com um único assunto na pauta, a mudança de composição do Conselho da Sanepar, a assembleia geral ordinária dos acionistas da empresa, composta pelos representantes do estado do Paraná e sócios privados, não deliberou sobre o tema, na reunião realizada ontem pela manhã.
Continuam em seus cargos os nove conselheiros, incluindo aqueles que se posicionavam contra a concessão do pagamento de aditivos contratuais a empreiteiras.
“Não entrou nem saiu ninguém do Conselho. Não houve deliberação sobre isso”, resumiu o presidente da Sanepar, Hudson Calefe, sobre a reunião realizada durante a manhã.
Em entrevista a O Estado, publicada no domingo passado, Calefe afirmou que a direção da empresa não iria interferir na discussão dos aditivos pelo Conselho. À tarde, o Conselho Administrativo se reuniu com a composição original e tratou apenas da análise de alguns processos de licitação de obras.
A discussão sobre a alteração na composição do Conselho começou depois que alguns dos seus integrantes, conselheiros nomeados pelo governo anterior de Roberto Requião (PMDB), manifestaram-se contrários aos pedidos feitos por empreiteiros e prestadores de serviços. Extraoficialmente, os adicionais somariam R$ 30 milhões.
A maior parte dos conselheiros rejeitou o acordo com as empresas e teria sido esse o motivo da convocação da assembleia geral extraordinária para a troca no conselho.
Mas assim como o presidente da Sanepar, o governador Orlando Pessuti (PMDB) também negou que existisse o interesse em pressionar o conselho, contestando informações obtidas por O Estado.
O mandato dos conselheiros vence em abril de 2011. O presidente do conselho é o procurador geral do Estado, Marco Berberi, nomeado pelo atual governador. Ele também representa o Estado na reunião dos acionistas.
Mas é provável que o governador eleito, Beto Richa (PSDB), convoque uma assembleia geral da companhia em janeiro para adiantar as mudanças e nomear os seus indicados.
Entre os demais integrantes estão o ex-procurador geral Carlos Frederico Marés, que deixou o governo junto com o ex-governador Roberto Requião. Outros membros são Tatiana Bove Iatauro, chefe de Inspetoria do Tribunal de Contas e mulher do diretor financeiro da Copel, Rafael Iatauro, e o secretário de Obras, Julio César de Souza Araújo Filho. Renato Torres de Faria é um dos representantes dos acionistas privados.