Cerca de 150 mil pessoas se inscreveram no concurso público do Senado, que oferece 246 vagas. Contratada sem licitação para realizar o concurso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) receberá como pagamento o valor das inscrições. A estimativa extraoficial é que o total arrecadado ficou em torno de R$ 29 milhões. A FGV, no entanto, se recusou a informar até mesmo ao Senado o número exato de inscritos e o total arrecadado. A estimativa de 150 mil inscritos é uma conta extraoficial feita por técnicos da própria FGV. O total é quase duas vezes a previsão inicial sobre o total de inscritos, de 80 mil pessoas.

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As provas serão realizadas dia 11 de março em todas as capitais brasileiras. Os aprovados serão contratados para 104 vagas de nível médio, com salário de R$ 13.833,64; 133 vagas de analista legislativo, com salário de R$ 18.440,64; e nove vagas de consultor legislativo, com o salário mais elevado, de R$ 23.826,57. As inscrições se encerraram no último dia 5.

Por entender que não é aceitável esse tipo de sigilo por parte da FGV, a senadora Ana Amélia (PP-RS) pediu à Mesa Diretora do Senado que intervenha para tornar público o total de inscritos e os valores arrecadados. Ela alega que no justamente no momento em que o País discute a transparências das informações, não há motivos para que uma entidade paga com dinheiro público, no caso saído do bolso dos concursados, se recuse a prestar informações que em nada comprometerão a segurança do concurso. “É inaceitável que uma fundação que presta serviço a um órgão público se dê o direito de agir como bem entender”, alega. “O concursado é um consumidor e como tal ele tem direito de obter informações sobre o serviço que contratou”.

É a segunda manifestação da senadora gaúcha com relação ao concurso público. Em dezembro Ana Amélia questionou o valor das inscrições, de R$ 180 para nível médio e de R$ 190 e R$ 200 para o preenchimento de vagas para os cargos de nível superior. Ela considerou os valores elevados, acima da disponibilidade de recursos de boa parte da população.

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A reportagem de “O Estado de S. Paulo” tentou ouvir a FGV oficialmente sobre o concurso, mas não obteve retorno. A falta de informação tornou-se praxe em todas as operações da fundação com o Senado. Na primeira gestão do senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, por exemplo, foi assinado um contrato no valor de R$ 2,87 milhões, em valores atualizados, encarregando a FGV de realizar uma reforma administrativa da Casa e nada aparentemente foi feito. Em 2009, houve um novo contrato, mas o material recebido foi rejeitado e a reforma que aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi preparada por servidores da Casa.