A procuradora Monique Checker, do Ministério Público Federal, reagiu à mensagem passada pelo chefe da Lava Jato no Paraná Deltan Dallagnol, de que o subprocurador Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República nos próximos dois anos, “expressou seu compromisso de manter e até fortalecer o trabalho das forças-tarefa”.
Monique considerou que a manutenção de uma força-tarefa, que em sua avaliação “traz benefícios para o País”, seria uma “obrigação” da Procuradoria-Geral da República.
Ela se disse ainda preocupada que houvesse “motivo para elogios públicos” diante de tal ato. “Quando a obrigação vira favor, há algo que precisamos refletir”, anotou, em resposta a Deltan.
Em uma mensagem compartilhada na rede interna dos procuradores, o chefe da Lava Jato havia informado os colegas que “manteve contato” com Aras.
Preferido de Bolsonaro, o subprocurador agora se prepara para a sabatina do Senado.
A escolha do presidente sofre resistência de procuradores que defendem a lista tríplice eleita pela classe como a via ideal para a chefia da Procuradoria-Geral da República. Aras não fez parte da lista.
“Lista tríplice caiu de vez”
Em seu texto, a procuradora também defendeu a lista tríplice eleita internamente pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) em resposta a outra afirmação do chefe da Lava Jato no Paraná.
Na mensagem aos procuradores, Deltan disse que se manifestou “diversas vezes em apoio à lista tríplice, uma ideia/prática que merece ser fortalecida e institucionalidade”. “Contudo, a indicação foi feita e tudo aponta que se consolidará”, pondera.
Monique diz que viu a mensagem “com grande lamento” e afirmou: “A lista tríplice caiu de vez mesmo.”
Ela avalia que a lista seria uma “garantia mínima” e indica que, independente da escolha de Bolsonaro por Aras, “nada obsta que a ANPR permanecesse em sua defesa pública”.
A procuradora rebateu uma ponderação que Deltan fez sobre “trabalho coordenado” do órgão. Na mensagem, o chefe da Lava Jato ressaltou: “Concordo com José Alfredo e Vladimir: é hora de trabalhar pelo Ministério Público Federal. A atuação da Lava Jato, especialmente, depende de permanente coordenação entre instâncias, inclusive entre primeira e Procuradoria-Geral da República.”
Em resposta, Monique questiona o que seria “trabalhar para o MPF” e contesta: “Ao que pensei, a lista seria trabalhar pelo MPF. Ou alguém vendeu algo estranho, desde que entramos na carreira.”