A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) não informou, ainda, quem são as duas empresas que se credenciaram na licitação para a compra da draga para o Porto de Paranaguá.
Foi divulgado, apenas, que as duas dragas encontram-se na China e que o valor máximo a ser pago pelo Estado pela aquisição é de R$ 46,6 milhões. Os valores ofertados pelas empresas também não foram revelados.
O jornalista Celso Nascimento, no entanto, em sua coluna de ontem no jornal Gazeta do Povo, revelou quais seriam as empresas que apresentaram propostas: a Global Connection, de São Paulo e a Interfabric, de São José dos Pinhais.
O colunista revelou, também quem é o proprietário da empresa paranaense e o seu principal ramo de negócio: o grego Georges Pantazis, que, em 1999 vendeu, mas não entregou, ao governo Jaime Lerner, 17 mil jaquetas de náilon para a Polícia Militar do Paraná, faturando R$ 1,7 milhões.
Pantazis só não está no cadastro dos fornecedores bloqueados pelo governo estadual porque a Justiça entendeu que a compra das jaquetas não foi efetuada com recursos públicos, uma vez que foi utilizado dinheiro do Fundo da Polícia Militar, formado pela contribuição dos próprios soldados.
Pantazis também é proprietário da KDD Comercial de Manufaturados, que em 2003 foi condenada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por não repassar ao INSS os valores descontados de seus empregados.
A KDD, especializada em equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, também consta na lista de empresas devedoras do Porto de Paranaguá e, por isso, impedida de operar no porto paranaense.
No primeiro semestre deste ano, a Interfabric havia vencido uma licitação do governo do estado para o fornecimento de coletes a prova de bala para as polícias militar e civil e ao Departamento Penitenciário.
A licitação, no entanto, foi anulada pelo governo do estado devido à “contagem ilegal de prazos processuais que ensejou ofensa aos princípios da legalidade, da moralidade e da isonomia”. Agora, a Interfabric, segundo o colunista, estaria voltando a disputar uma licitação, num ramo bem diferente.
A compra de uma draga foi a solução encontrada pelo governo para resolver o problema da falta de dragagem no Canal da Galheta, que dá acesso ao Porto de Paranaguá.
Depois de ter a licitação para a dragagem diversas vezes suspensa pela Justiça, o Estado tenta, agora comprar o equipamento para executar o serviço sempre que necessário.
O deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB) autor de alguns recursos à Justiça contra a licitação da dragagem, disse também não acreditar que ocorrerá a compra da draga.
“Mais uma vez o processo está cheio de irregularidades e mais escuro que as águas do canal”, disse o deputado, que ainda buscará novas informações para saber se questionará a licitação da draga. A assessoria de imprensa do Porto informou que não comenta o assunto.