Maior partido da oposição e segundo maior do Congresso, o PT discute repetir a estratégia lançada nas eleições indiretas de 1985 e não participar do colégio eleitoral, caso deputados e senadores tenham de escolher um substituto para o presidente Michel Temer. A corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) pretende que no 6.º Congresso Nacional do PT, marcado para o início de julho, o partido feche questão e impeça que os parlamentares do partido participem de uma eleição indireta.

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Naquele pleito, o PT se absteve na disputa entre Paulo Maluf (então do PSD, hoje PP) e Tancredo Neves (Aliança Democrática), que venceu por 480 votos a 180.

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“Pelo amor de Deus, não entrem nessa (eleição indireta). É eleição direta, direta e ponto”, disse Lula, na manhã desta quinta-feira, 25, em reunião com lideranças das principais correntes internas do PT. “Em 1985 pagamos um preço muito alto. Mas valeu a pena”, disse Lula, conforme relatos. Naquele ano, o partido havia participado ativamente da campanha pelas “Diretas Já”, no ano anterior, e considerava ilegítima a escolha do primeiro presidente civil, depois de 21 anos de ditadura militar, de forma indireta. Três dos oito deputados da bancada petista (Bete Mendes, José Eudes e Airton Soares) contrariaram a orientação partidária e foram expulsos do partido.

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Lula e a ampla maioria do PT avaliam que, se o partido participar de uma eventual eleição indireta para a sucessão de Temer, teria muito pouco a ganhar e muito a perder, pois a base da legenda defende eleições diretas. Consideram ainda que, seja quem for o escolhido para suceder Temer, será pressionado a dar continuidade às reformas trabalhista e da Previdência e, assim, o PT estaria indiretamente dando suporte às reformas. De acordo com interlocutores de Lula, o raciocínio vale também para Nelson Jobim, amigo de Lula e ex-ministro da Defesa nos governos petistas que surge como possibilidade entre os nomes na disputa indireta.

“A tendência é não participar do processo. A pequena possibilidade de participar da eleição seria ter uma candidatura com chances de ganhar e com proposta de suspender as reformas e jogá-las para 2019. Não temos disposição de participar de um colégio eleitoral restrito que não tenha nenhum avanço nesse sentido”, disse à reportagem o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).

Segundo ele, nenhum dos perfis colocados no momento é consensual. “A posição do Rodrigo Maia (presidente da Câmara) é de apoiar as reformas. Com essa plataforma, não tem acordo com ele. (O ex-ministro Nelson) Jobim, embora seja um perfil interessante, não sabemos o que está pensando. (O senador) Tasso (Jereissati) também representa a continuidade das reformas”, declarou. Setores do PT que contestam a ideia do boicote às eleições, porém, têm defendido nas negociações internas o apoio a Jobim. “Seria um nome de acordo nacional. É difícil o Lula falar mal dele”, disse o deputado Vicente Cândido (SP), vice-líder do PT na Câmara.

A posição dos petistas tende a dividir as forças de oposição no colégio eleitoral e fazer se dissiparem os 99 votos da oposição no Congresso, hoje divididos entre PT (67), PDT (21), PCdoB (13), PSOL (6) e Rede (5). Desses, apenas o PSOL pretende acompanhar os petistas no boicote.

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Na segunda-feira, 22, integrantes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) defenderam o encaminhamento ao 6.º Congresso Nacional do PT de um projeto de resolução que feche questão pelo boicote à possível eleição indireta, proibindo parlamentares do partido de votar em um eventual novo Colégio Eleitoral. “Sou a favor disso. Nós não devemos participar desse processo”, disse o presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, Emídio de Souza, um dos líderes da CNB.