A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu hoje pedir, pela terceira vez, mais informações ao ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) sobre consultorias realizadas por ele entre os anos de 2009 e 2010. De acordo com o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, os conselheiros querem detalhes sobre o encerramento dos contratos. Apesar do voto do relator Fábio Coutinho –acompanhado pela conselheira Marília Murici– favorável a uma pena de “advertência” a Pimentel, os demais integrantes da comissão votaram pela instalação de um processo de “diligência”, em que o ministro deverá fornecer novos documentos solicitados pelos conselheiros.
De acordo com Pertence, o procedimento servirá para “esclarecer pontos que pareceram duvidosos”. “Ele apresentou as explicações e nos parece que há pontos que merecem ser melhor esclarecidos. Nós queremos saber exatamente, documentadamente, o encerramento das relações contratuais de consultoria. […] A Comissão, como qualquer tribunal, enquanto não se sente esclarecida, o dever é converter em diligência para apurar melhor”, explicou Pertence após a reunião. Ainda não há prazo para que Pimentel apresente as novas explicações.
A assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio informou que o ministro ainda não foi notificado da decisão e, assim que tiver conhecimento do caso, fornecerá a documentação solicitada. A comissão também poderá solicitar documentos às empresas que utilizaram a consultoria, como por exemplo a Federação das Indústrias de Minas Gerais.
Investigação
Esta é a terceira vez que a Comissão de Ética da Presidência oferece mais prazo para que o ministro dê explicações. O procedimento para investigar consultorias realizadas pelo ministro Fernando Pimentel foi aberto em fevereiro, a partir de pedido do PSDB, protocolado em dezembro, para abertura de processo administrativo para a apuração da conduta do ministro. A atividade levantou suspeitas de tráfico de influência, o que o ministro, amigo de longa data da presidente Dilma Rousseff, nega.
Na ocasião do pedido, o PSDB afirmou que solicitou o processo “em razão da possível prática de ato atentatório contra os princípios éticos que norteiam as atividades dos órgãos superiores da Presidência da República e a quebra de decoro por parte do representado”. Em entrevista em dezembro do ano passado, Pimentel disse que informou a comissão sobre seus negócios antes de assumir o cargo no governo Dilma. Ele teria se afastado da empresa em 10 de dezembro de 2010. Na ocasião, o ministro afirmou ainda que não tinha falado sobre seus clientes, contratos e valores recebidos à presidente Dilma antes de tomar posse.
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