A Comissão de Ética Pública vai analisar se o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, cometeu algum desvio ao informar o ex-deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, em telefonema, que não havia ninguém designado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ou no governo investigando seu cliente Humberto Braz, ligado a Daniel Dantas, sócio-fundador do Grupo Opportunity. Braz e Dantas foram presos pela Polícia Federal na Operação Satiagraha e há suspeita de que Carvalho teria repassado informações privilegiadas a Greenhalgh.
O advogado Roberto Caldas foi designado relator do caso e pode pedir novos esclarecimentos a Gilberto Carvalho, a degravação da conversa dele com Greenhalgh ou trechos do inquérito da PF. Caldas informou que poderá buscar outros depoimentos de pessoas citadas na conversa de Greenhalgh com Carvalho, como Luiz Fernando Correa, diretor da PF. Ressalvou, no entanto, que a comissão não tem poder de investigação e não faz acareações. Mas se entender que não houve desvio, o próprio relator poderá sugerir o arquivamento do caso.
Na reunião de ontem da comissão, foi adiada a decisão de julgar se a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cometeu desvio ético no caso da venda da VarigLog. Ernane Pinheiro, relator do caso, já fez seu parecer. Mas o caso não foi adiante porque o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, alegou razões de “foro íntimo” para se julgar impedido de se pronunciar. Como a comissão precisa de pelo menos quatro integrantes para deliberar, somente quando pelo menos um dos três novos membros for designado a votação será realizada, o que deve acontecer ainda este mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.