Comissão da Verdade vai ouvir Romário sobre caso Marin

A Comissão Nacional da Verdade receberá em audiência, nos próximos dias, o deputado Romário (PSB-RJ), presidente Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. O encontro atende a solicitação do próprio deputado, que vai pedir ajuda para o esclarecimento das denúncias de envolvimento do atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, com a ditadura militar.

Ao anunciar o encontro, nesta terça-feira, em São Paulo, a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, uma das sete integrantes da comissão, disse que o grupo não tem posição formada sobre o caso. O objetivo, disse a jornalistas, é ouvir o que o deputado tem a dizer.

De acordo com a avaliação inicial da advogada, Marin não foi uma figura destacada entre os políticos que apoiaram a ditadura militar. “Pelas informações que temos, ele não era tão atuante”, afirmou. “As suas manifestações de apoio foram episódicas. Era um deputado silente”.

O anúncio do encontro com a Comissão ocorre um dia após o deputado ter ido à sede da CBF, no Rio, para entregar uma petição pública, com 55 mil assinaturas, pela saída de Marin da presidência da entidade. Romário acompanhava o organizador da petição, Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog.

Segundo informações reunidas por Ivo, o presidente da CBF participou indiretamente do assassinato de seu pai, sob tortura, em 1975. Na época dos acontecimentos, Marin era deputado estadual, filiado à Arena, partido que dava sustentação política à ditadura. Um pouco antes do assassinato, em aparte ao discurso de um colega de partido, na Assembleia, ele cobrou das autoridades esclarecimentos sobre a infiltração de comunistas na TV Cultura de São Paulo.

Herzog, que trabalhava na Cultura e era filiado ao Partido Comunista Brasileiro, foi preso e assassinado logo em seguida, nas dependências do 2.º Exército, em São Paulo.

No mês passado, no dia 14 de março, Romário fez um discurso na Câmara para falar do caso e pedir a saída de Marin. Foi quando mencionou pela primeira vez que pediria ajuda à Comissão da Verdade para a investigação. “As suspeitas sobre o presidente da CBF são graves e constrangedoras”, disse.

O aparte de Marin foi lembrado nesta terça por Rosa Maria. Em seguida, porém, a advogada observou que teria sido uma das manifestações “episódicas” de apoio do então deputado à ditadura. “Fora esse discurso, há poucos pronunciamentos dele.”

Para Ivo, o filho do jornalista, o papel de Marin não pode ser subestimado. Ele tem lembrado nas manifestações contra o presidente da CBF que, um ano após o assassinato do pai, o então deputado arenista subiu à tribuna para elogiar o delegado Sérgio Fleury, apontado por organizações de direitos humanos, como um dos mais ativos e violentos agentes da repressão no período ditatorial. Marin disse na ocasião que ele era um “herói”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna