A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado aprovou nesta quarta-feira (03) um pedido de convite para que o ex-presidente do Uruguai José Mujica fale sobre a suposta confissão que o ex-presidente Lula fez do envolvimento dele no escândalo do mensalão.
O pedido foi apresentado pelo líder do DEM na Casa, Ronaldo Caiado (GO), tendo como base um livro-reportagem sobre Mujica em que Lula teria narrado ao ex-presidente uruguaio, em encontro em 2010, que esse esquema de corrupção “era a única forma de governar o Brasil”.
“A acusação é muito séria, até porque é a própria esquerda brasileira que trata Mujica como uma espécie de mártir e coloca sua índole acima de qualquer suspeita. Se ele diz que o ex-presidente Lula, não só confirmou ter conhecimento sobre o mensalão, como admitiu que era a sua única forma de governar o País, isso coloca em xeque toda a tese que o inocentou do esquema”, defende Caiado, no mês passado, logo após o relato do livro ter sido publicado em reportagem do jornal O Globo.
O convite do líder do DEM também foi feito ao ex-vice presidente do país Danilo Astori que, segundo Mujica, estava na sala e também ouviu a confissão do petista. Por se tratar de convite, do ponto de vista regimental, tanto Mujica quanto Astori podem declinar de comparecer.
O requerimento foi aprovado com os votos contrários do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Fernando Bezerra (PSB-PE).
Durante a sessão, Delcídio afirmou que Mujica já teria negado os fatos. O líder governista defendeu ainda que é muito difícil que ex-presidente uruguaio venha ao Brasil falar sobre o assunto.
“Eu queria fazer só uma observação: o próprio ex-presidente Mujica desmentiu versões que foram amplamente divulgadas na imprensa nacional. Até por razões práticas, eu acho que é muito difícil que o presidente Mujica venha ao Brasil para uma audiência pública com esse tema, acho até que por uma questão de economicidade de procedimentos”, argumentou ele, sem sucesso.
O ex-presidente Lula sempre negou que soubesse da existência do mensalão. No auge do escândalo, Lula chegou a gravar um pronunciamento em que se sentia traído e pedindo desculpas.
Posteriormente, contudo, ele passou a rejeitar a existência do esquema de corrupção, mesmo após condenações de pessoas próximas a ele pelo Supremo Tribunal Federal.