Combate à crise dá visibilidade a Dilma Rousseff

Disposta a enfrentar nas ruas o teste da crise econômica para consolidar sua pré-candidatura à Presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, adicionou um ingrediente político à dieta orçamentária da Esplanada. Dilma já traçou duas estratégias para a entressafra eleitoral. Além de intensificar as viagens para se tornar mais conhecida, ela terá papel de destaque no anúncio dos investimentos que embalarão o pacote do governo para conter a crise. Sob o pretexto de verificar o andamento das obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra aproveitará as excursões pelo Brasil para se aproximar da população, de olho em 2010.

Seguindo recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela vai “traduzir” o PAC para a vida real: a ideia é explicar na prática que investir em infraestrutura significa distribuir renda e gerar empregos. “Mas é só a Dilma que vai viajar? E o Serra?”, pergunta, com uma pitada de ironia, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, numa referência ao governador José Serra, pré-candidato do PSDB à sucessão de Lula. Bem-humorado, Bernardo diz que petistas e tucanos vão até se reunir para acertar roteiros diferentes. “Estamos fazendo tratativas com a equipe do Serra para evitar a sobreposição de agendas”, diz ele.

Lula já começou a montar um núcleo de apoio, dentro do PT, para ajudar Dilma a ganhar musculatura política. Escalou para a tarefa os ex-prefeitos Marta Suplicy (São Paulo), João Paulo (Recife) e Fernando Pimentel (Belo Horizonte). Companheiro de Dilma no Comando de Libertação Nacional (Colina), organização de esquerda que desafiou a ditadura, Pimentel é, nesse trio, o mais próximo da ministra. “O problema da Dilma é que, como ela nunca disputou eleição, não tem jogo de cintura política. E, pior, vai estrear logo no Maracanã”, provoca o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ao afirmar que Serra larga com vantagem sobre a chefe da Casa Civil pelo “recall” (lembrança) das eleições a que concorreu. “Que eu saiba, Serrinha paz e amor ainda não apareceu”, devolve Paulo Bernardo. “E, como diria meu amigo petista Vladimir Palmeira, não vamos confundir jogo de cintura com teatro rebolado.”

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