O comando do DEM divulgou nota hoje em defesa do presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), acusado por Durval Barbosa de envolvimento no esquema de corrupção no Distrito Federal. A sigla diz que reafirma “em nome de todo o partido, a mais absoluta e inabalável confiança na correição de nosso presidente, o deputado Rodrigo Maia (RJ), e nossa irrestrita solidariedade a ele”.
Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada na edição de hoje, Durval Barbosa, delator do esquema do “mensalão do DEM” no DF, afirmou que Rodrigo Maia era um dos beneficiários do esquema montado pelo governador cassado José Roberto Arruda. “O acerto do Rodrigo era direto com o Arruda”, disse Barbosa.
Na nota, a direção do DEM afirma ainda “repudiar, com veemência, a atitude leviana e irresponsável com a qual o indivíduo Durval Barbosa se apresenta e trata de um assunto da natureza do que ele está envolvido”. O manifesto foi assinado pelos líderes do partido na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), no Senado, José Agripino (RN), pelo senador Marco Maciel (PE) e pelo presidente de honra da legenda, Jorge Bornhausen.
Autor dos vídeos que levaram à queda de Arruda, de quem foi secretário de Relações Institucionais, Barbosa afirmou que a participação do presidente nacional do DEM é uma das vertentes da nova fase das investigações, com as quais colabora por meio de um acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF). “O Ministério Público vai pegar”, afirmou, referindo-se à suposta participação de Rodrigo Maia no desvio de dinheiro do governo do Distrito Federal. O ex-secretário também acusou o PMDB de receber pagamentos mensais do esquema de Arruda.
‘Notoriedade’
A direção do DEM diz ainda “repudiar e manifestar estranheza com a forma com que o referido sujeito busca notoriedade – e encontra -, se valendo da condição de criminoso protegido pelo regime de delação premiada para tentar enlamear pessoas que têm o respeito de todos justamente por sua reputação ilibada”. E ressalta “a crença na Justiça, esperando que sejam tomadas medidas para que réus confessos não confundam o regime de delação premiada com licença para a prática de leviandades como a registrada pelo jornal”.
Barbosa conversou com o jornal O Estado de S. Paulo na última quarta-feira à noite, quando participava de uma festa para mais de 500 pessoas numa das casas de eventos mais badaladas de Brasília, sem constrangimento. “O constrangimento é de quem roubou”, disse. A metralhadora do delator do mensalão candango segue ativa. Além de disparar contra o presidente nacional do DEM, Barbosa afirmou que dirigentes do PMDB se beneficiavam do esquema de corrupção montado no governo Arruda.
O dinheiro, segundo ele, era entregue ao presidente do diretório do partido no DF, o deputado federal Tadeu Filippelli. “Filippelli recebia R$ 1 milhão por mês para o PMDB”, afirmou Barbosa. “Inclusive tem um áudio sobre isso”, emendou. O ex-secretário se recusou a dar detalhes sobre os supostos pagamentos ao DEM e ao PMDB sob o argumento de que o acordo de delação premiada o impede de falar a respeito de assuntos sob investigação. Ele indicou, porém, que está contando o que sabe ao Ministério Público e à Polícia Federal.
Indagado sobre o que tem acrescentado às investigações da Operação Caixa de Pandora, deflagrada pela PF em novembro passado, Barbosa fez mistério. “Vem muito mais por aí”, declarou. Depois, fez mais uma de suas profecias: “Mais uns 60 vão ser presos.”