Em meio à incerteza sobre quem será o pré-candidato do MDB ao governo de Minas Gerais nas eleições 2018, o partido enfrenta divisões no Estado que adiam essa definição para a convenção da legenda – que não tem data marcada, mas deverá ocorrer no fim deste mês.
O partido está dividido entre os que apoiam o presidente da Assembleia Legislativa (ALMG), Adalclever Lopes, e o atual vice-governador e presidente estadual da legenda, Antônio Andrade. As bancadas emedebistas na Câmara dos Deputados e na Assembleia estão fortalecendo o lado de Adalclever, enquanto prefeitos e delegados do partido vão com Andrade.
Em um encontro com as lideranças que apoiam a sua pré-candidatura, que aconteceu no sábado, 7, Adalclever afirmou que existe uma vontade do partido em seguir nas eleições com a candidatura própria. “Eu tenho certeza que o MDB vai apresentar uma proposta para Minas Gerais, que será uma proposta de todos os políticos do partido.”
Já Andrade, por meio de nota divulgada por sua assessoria de imprensa, negou que haja uma divisão interna, pois a candidatura própria do MDB “teve aprovação de 97% dos delegados”. Além disso, o presidente do partido afirmou que, por conta do tamanho da sigla, é natural a existência de mais de um pré-candidato, mas que depois de o nome ser definido, ele terá o apoio de toda a legenda.
Historicamente, o MDB mineiro sempre esteve aliado ao governador Fernando Pimentel, do PT. No entanto, com a abertura do processo de impeachment contra o petista, em abril, a relação entre os partidos se desgastou. Com o processo contra Pimentel parado na ALMG, petistas e emedebistas não descartam o diálogo para formação de coligação.
De acordo com fontes do partido, os deputados do MDB são os mais interessados em voltar a formar aliança com o PT, por conta da maior facilidade em eleger bancada dentro de uma coligação. Caso se isole e fique sem uma chapa formada, os emedebistas teriam mais dificuldades em se elegerem.
“Estamos tentando ver qual é a melhor formação para eleger o maior número de deputados”, afirmou o deputado federal Fábio Ramalho (MDB). De acordo com o parlamentar, o diálogo dos emedebistas com os petistas ainda está em aberto e o prosseguimento do processo de impeachment contra o governador não seria um problema para a retomada da aliança.
No mês passado, os cinco deputados federais do MDB de Minas enviaram uma carta cobrando da presidência do diretório estadual da legenda uma definição sobre a pré-candidatura ao governo do Estado. O grupo deu prazo até a próxima segunda-feira, 16, para que os líderes do partido respondam a solicitação.
Apesar da divisão, Adalclever e Andrade não fazem críticas públicas um ao outro. A disputa entre os dois teve um pequeno atrito no último sábado, após membros do MDB Jovem acusarem Andrade de tentar sabotar a reunião de eleição do grupo, ao fechar a sede do partido para o encontro. O presidente da legenda teria feito isso porque a chapa de apoio a ele dentro do MDB Jovem não teria conseguido quórum suficiente para participar da votação interna.
“O Antonio Andrade tem um grupo fechado e que não dialoga, enquanto o Adalclever escuta as demandas e é nosso parceiro. Certamente é quem apoiaremos”, afirmou o secretário do MDB Jovem Pedro Duarte. Ele também explica que o grupo é disputado por ter uma grande influência no interior de Minas, com vários nomes ocupando prefeituras e câmaras municipais. Procurado pela reportagem, Andrade não se manifestou.
Correndo por fora, o deputado federal Leonardo Quintão também se lançou como pré-candidato ao governo do Estado pelo MDB. Procurado, o parlamentar não comentou postulação.