Sob uma garoa fina, que fez o final de outubro paulistano ganhar cara de inverno, milhares de apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro foram comemorar a vitória do capitão reformado nas eleições presidenciais de 2018. Levando bandeiras brasileiras, vendidas a R$ 20 por infindáveis ambulantes, eleitores de Bolsonaro celebraram a conquista com fogos de artifício, cantos contra o PT e o comunismo e fotos com os policiais que estavam na avenida. O clima de hostilidade do final da tarde se transformou em festa carnavalesca de tons familiares.
“Estou esperando esse dia há três anos, nem acredito que esse dia chegou”, dizia o programador de software Arnaldo Ribeiro, de 32 anos, que levou a mulher e as filhas para a Paulista. Ele, como quase todos aqui, acreditam que o Brasil será refundado no dia 1º de janeiro, quando Bolsonaro se tornará o presidente de fato do País. “Vamos acabar com essa bagunça, com essa influência do comunismo, minhas filhas vão viver num Brasil melhor”, dizia, enquanto acompanhava os discursos de apoiadores de Bolsonaro em um carro de som, em frente ao Museu de Arte de São Paulo.
Diante da Fiesp, que transformou sua fachada em uma imensa bandeira brasileira, apoiadores cantavam o hino nacional. “Estou aliviada, conseguimos salvar o Brasil. Hoje podemos dizer com certeza que nossa bandeira não será vermelha”, dizia a aposentada Marcelina Piazza, de 72 anos. Moradora das redondezas, ela garante ter vindo a todos os protestos contra o PT nos últimos anos. “Comunismo nunca mais”.
No meio da multidão de verde e amarelo, símbolos de grupos radicais voltaram a aparecer. Uma bandeira do Kekistan, considerado um símbolo de ódio de supremacistas brancos americanos, voltou a ser desfraldada na Paulista. Um morador de rua teria sido agredido por apoiadores de Bolsonaro, que afirmaram que ele jogou lixo em uma menina. O rapaz foi detido pela PM.