O fato de não ser candidato a nenhum cargo nas eleições de 2010 e de não ter compromisso com partidos políticos tornou um já influente ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda mais atuante no primeiro escalão do governo. Franklin Martins, que comanda a Secretaria de Comunicação Social desde março de 2007, está entre os mais frequentes interlocutores do presidente, ao lado da chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
Mais que conselheiro, Franklin, capixaba criado no Rio, de 61 anos, passou a ter atuação direta nas ações do governo. O caso mais emblemático aconteceu no dia 30 de agosto, durante jantar no Palácio da Alvorada do presidente com os governadores do Rio, de São Paulo e do Espírito Santo, na véspera do lançamento do projeto de exploração do pré-sal. Por pressão de Sérgio Cabral (PMDB), José Serra (PSDB) e Paulo Hartung (PMDB), o governo fez mudanças de última hora na proposta, garantindo a cobrança de royalties no pré-sal e a manutenção da distribuição privilegiada aos Estados produtores de petróleo.
Franklin fez o papel que caberia a Dilma, defendendo a ideia de que os royalties do petróleo do pré-sal, fosse qual fosse o modelo a definir pelo Congresso, deveriam ter uma distribuição mais igualitária entre todos os Estados e municípios. Ele esteve à frente da negociação e chegou a ter uma discussão ríspida com Cabral. Integrantes da equipe do governador fluminense saíram surpresos com a atuação de Franklin.
Foi a própria ministra quem avisou que não ficaria na linha de frente do embate com os governadores. Afinal, ela não é apenas a chefe da Casa Civil, mas a candidata de Lula à sua sucessão – não queria entrar em confronto com aliados como Cabral nem com Serra, muito provavelmente futuro adversário na disputa presidencial. Cada vez mais a ministra vai “fugir” de brigas que, em um cenário não-eleitoral, compraria sem problemas.
A atuação de Franklin no jantar do pré-sal refletiu não apenas a decisão do presidente de confiar ao ministro uma tarefa que foi além da comunicação, mas também a proximidade cada vez maior do ministro com Dilma. Entre parlamentares e assessores do Planalto, não há dúvida de que ele terá papel relevante na campanha, mesmo sem se afastar do governo. “Franklin tem a percepção do governo, mas também uma análise política qualificada”, diz o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).
A independência partidária permitiu que o ministro atuasse em um momento constrangedor para o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), que chegou a anunciar a renúncia do cargo em caráter “irrevogável”, no auge da crise que envolveu o senador José Sarney (PMDB-AP). Franklin participou da elaboração da carta do presidente pedindo a permanência de Mercadante, lida no plenário.
Outro episódio em que o ministro esteve presente foi a reação de Dilma diante das afirmações da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira de que a ministra pediu agilidade nas investigações referentes ao empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. Franklin contrariou a prática de dar apenas informações de bastidores (em off, no jargão jornalístico) e concedeu entrevista dizendo que Lina estava “mentindo”. Franklin esteve ao lado da ministra quando ela assumiu publicamente o tratamento contra o câncer, em abril, e de lá para cá a relação entre os dois se estreitou.