Nascido de uma dissidência do PT em 2004, o PSOL tem uma bancada de apenas três deputados, mas vive uma crise digna de partido grande. Irritada com o colega Ivan Valente (SP), líder do trio na Câmara dos Deputados, a gaúcha Luciana Genro enviou carta à direção partidária, na quinta-feira, acusando-o de “machismo” e “desequilíbrio”. Ivan reagiu e disse que a colega está isolada e tornou pública sua insatisfação em um ato de “desespero”.
No meio da confusão está o deputado Chico Alencar (RJ), que tenta apagar o incêndio. “Somos tão jovens e ainda incipientes que não suportamos uma desavença nesses termos. Há elementos de temperamento e de personalidade de cada um. Eles não precisam ser amigos, se tratar com ternura, mas é preciso se colocar no patamar da boa relação política”, diz Alencar.
Nem mesmo a coesão do PSOL nas votações em plenário sobreviveu. A bancada se dividiu na votação de um dos itens da reforma eleitoral. Luciana foi a favor da liberação do uso de outdoors nas campanhas. Os outros dois deputados foram contrários. Por causa dessa divergência, a relação entre Luciana e Valente azedou de vez.
A deputada – filha do ministro da Justiça, o petista Tarso Genro – não gostou quando o líder disse que ela fez um “roubo de galinha” ao defender os outdoors, quando tinha sido destacada para falar em favor do uso de carros de som em campanhas. Luciana não reagiu de imediato, mas no dia seguinte mandou a carta indignada à Executiva Nacional do PSOL.
Reunião
Reunida na sexta-feira, a Executiva reiterou “apoio e confiança integral em seu líder na Câmara”. Anunciou, no entanto, uma nova reunião, em data a ser definida, desta vez com a presença da presidente do partido, a vereadora de Maceió Heloísa Helena. “Não será por falta de moderadores que a crise deixará de ser superada”, informa a nota do partido.