Com pouco mais de 95% das urnas apuradas, a eleição para o governo do Maranhão permanecia indefinida por volta das 22 horas. A governadora e candidata à reeleição, Roseana Sarney (PMDB), mantinha a liderança com 49,76% dos votos. Num eventual segundo turno, o deputado Flávio Dino (PC do B) será seu adversário. Ele tinha 29,57% dos votos válidos. Em seguida, vinha o ex-governador Jackson Lago, do PDT, com 19,75% dos votos.
A oposição pretendia se unir contra Roseana Sarney, caso ocorra o segundo turno. “No Maranhão só tem dois partidos grandes: é o Sarney e o anti-Sarney. Por isso, eles sabem que perdem no segundo turno”, argumentou Lago. “Não temo nada. Já fui para o segundo turno outras vezes”, disse Roseana, ao votar hoje pela manhã num colégio no centro de São Luís.
Em 2006, ela também liderou a corrida pelo governo durante a maior parte da campanha e obteve pouco mais de 47% dos votos válidos no primeiro turno. Uma vitória hoje de Roseana representaria a permanência da oligarquia Sarney pelos próximos quatro anos.
Em 2006, os oposicionistas à família Sarney também se aliaram, impondo uma derrota à Roseana. Na época, Lago foi eleito governador, mas acabou cassado no ano passado sob a acusação de abuso de poder econômico e compra de votos. Em abril de 2009, Roseana assumiu no lugar do pedetista o comando do Estado.
“Tenho 40 anos de luta, de combate ao grupo Sarney. Não seria agora, que eles cassaram o meu mandato, que eu iria votar com eles”, afirmou o pedetista. Em 1994, Roseana também disputou o segundo turno do governo com o hoje senador e aliado político Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e saiu vitoriosa. Esta é a quarta vez que a peemedebista concorre ao governo do Maranhão.
Na tentativa de ganhar a eleição deste ano em primeiro turno, Roseana Sarney transformou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, nos principais cabos eleitorais de sua campanha. Sob a batuta do marqueteiro Duda Mendonça, ele deverá repetir a dose neste segundo turno, usando a imagem de Lula. “A Roseana privatizou a figura do Lula e da Dilma”, reclamou o deputado Domingos Dutra (PT-MA), ferrenho adversário da família Sarney.
Antes das convenções de junho, o PT do Maranhão oficializou o apoio à candidatura de Flávio Dino. Inconformados, Sarney e Roseana pediram a interferência do presidente Lula para que o PT no Estado apoiasse a reeleição da peemedebista. Foram bem sucedidos na empreitada: a direção nacional do PT obrigou o partido no Maranhão a fechar aliança com Roseana.
O seu vice é o petista Washington Luiz, identificado como “homem” do ex-ministro José Dirceu no Estado. Depois de fazer uma greve de fome no plenário da Câmara, o deputado Domingos Dutra foi liberado pela direção do partido para apoiar o comunista.
Pela manhã, a família Sarney tinha esperanças de ganhar a eleição no primeiro turno. O deputado Sarney Filho (PV-MA), conhecido como Zequinha Sarney, reconheceu que uma vitória ontem dependia dos votos do interior do Estado. “Ela (Roseana) é muito forte no interior. A expectativa é que ela tire essa diferença com os votos do interior”, disse o deputado, momentos depois de visitar seu pai no hospital.
A eleição no Maranhão transcorreu em clima de tranquilidade. Segundo a procuradora eleitoral do Estado, Carolina da Hora Mesquita, não ocorreram incidentes graves no Estado. Os três principais candidatos ao governo votaram pela manhã.