A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)-Regional Centro-Oeste divulgou documento aos fiéis com 10 “indicações” para as eleições em 2018 e orientações expressas “para o exercício da cidadania”.

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“Que o eleitor procure votar com consciência sem aceitar troca de favores e benefícios por voto”, diz a mensagem. ” Compra e venda de votos são atos de corrupção. Votar, não para agradar alguém, nem se baseando em pesquisas de opinião, mas na convicção sobre o caráter do candidato e a atuação de seu partido.”

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Segundo a CNBB Regional Centro-Oeste, o Conselho Episcopal Regional (Conser), reunido nos dias 6 a 8 de março, na Diocese de São Luís de Montes Belos (GO), preparou a nota que foi repassada oficialmente na sexta-feira, 23.

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Operação Caifás

A carta dirigida aos seguidores não faz nenhuma menção à Operação Caifás, deflagrada na segunda, 19, pelo Ministério Público de Goiás e pela Polícia Civil. Nela, o bispo da Diocese de Formosa Dom José Ronaldo, além de quatro padres, do vigário-geral e do monsenhor Epitácio Cardozo, foram presos sob suspeita de envolvimento em desvios de R$ 2 milhões do dízimo e doações. Inicialmente, dom José Ronaldo e os outros religiosos foram presos em regime temporário. Na sexta-feira, 23, a Justiça decretou a prisão preventiva do grupo. O bispo é formalmente acusado por associação criminosa, falsidade ideológica e apropriação indébita.

A denúncia da Promotoria atinge ainda monsenhor Epitácio, o contador Darcivan da Conceição Serracena, o secretário da Cúria Guilherme Frederido Magalhães e o juiz eclesiástico Tiago Wencesleu de Barros Barbosa e, ainda, os padres Moacir Santana, Mário Vieira de Brito e Waldson José de Melo, além de empresários e um advogado.

Ainda na semana passada, o Papa Francisco nomeou o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto, administrador apostólico da Diocese de Formosa.

Mensagem

Subscrita por três bispos do Regional Centro-Oeste – Dom Messias dos Reis Silveira, presidente e bispo de Uruaçu; Dom João Wilk, vice-presidente e bispo de Anápolis; e Dom Levi Bonatto, secretário e bispo auxiliar de Goiânia – a mensagem aos “caros fiéis” diz que não se pode “restringir a fé a um sentimento religioso, mas manifestá-lo no dia a dia, inclusive no exercício da cidadania através do voto consciente e da participação ativa na política”.

A cartilha faz uma ressalva. “Vale recordar que a Igreja não é partidária, mas busca conscientizar o eleitor e incentivar os leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político.”

“O cristão pode e deve intervir na política, seja como eleitor, seja como candidato.”

“Para muitos, o momento pelo qual passamos em nível nacional e regional pode ser desmotivador, com uma marcante percepção negativa da atuação dos políticos”, segue o documento. “Devemos, no entanto, encorajar pessoas de bem a assumirem funções públicas, com projetos inovadores que vislumbrem o bem-estar e a dignidade de todos.”

Os bispos do Regional Centro-Oeste destacam que “estas pistas” se inspiram parcialmente nos “10 mandamentos do eleitor”, publicados na Cartilha de Orientação Política do Regional Sul.

“A participação na política implica criar momentos de reflexão e até de tomada de posição ante as necessidades mais urgentes da comunidade. O voto dado implicará ainda o acompanhamento do eleito, a cobrança por parte dos eleitores, num verdadeiro monitoramento da conduta, das ações e da realização das promessas de campanha.”

Os bispos ainda afirmam na nota que “a Igreja é apartidária, mas busca conscientizar o eleitor e incentivar os leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político”.

Os bispos do Regional Centro-Oeste finalizam a mensagem. “Esperamos que a preparação, as campanhas eleitorais e a realização do pleito transcorram com a responsabilidade e seriedade que merecem, bem como em harmonia e respeito, com especial destaque nos ambientes digitais.”

“AOS CAROS FIÉIS”

1) É proibida a propaganda eleitoral no interior das igrejas, como também discursos e comícios, sob o risco de se incorrer nas penalidades previstas na legislação eleitoral;

2) Procure-se conhecer os candidatos e suas propostas, exigindo deles um compromisso ético;

3) Que os candidatos defendam os valores cristãos, por exemplo, no que diz respeito à vida e à família, o direito dos pais de educarem seus filhos na prática da fé e dos costumes, e rejeitem todo tipo de ideologia contrária ao direito natural e à doutrina e moral da Igreja;

4) Que, uma vez candidatos, os fiéis leigos não instrumentalizem sua liderança na ação evangelizadora da Igreja. Continua presente o salutar ensinamento da Igreja de que os sacerdotes estão excluídos da possibilidade de serem candidatos;

5) Que haja clareza sobre a origem e o uso de verbas para a campanha eleitoral;

6) Que sejam avaliados o histórico do candidato, sua coragem de combater a corrupção e a consciência de administrar os bens públicos;

7) Que o eleitor procure votar com consciência sem aceitar troca de favores e beneficias por voto. Compra e venda de votos são atos de corrupção. Votar, não para agradar alguém, nem se baseando em pesquisas de opinião, mas na convicção sobre o caráter do candidato e a atuação de seu partido;

8) Não anular voto e nem votar em branco;

9) É possível promover encontros com candidatos de partidos diversos, moderados por um membro da comunidade eclesial, visando conhecer suas propostas;

10) Evitar o desânimo e valorizar o voto como oportunidade de alcançar as mudanças necessárias. Neste momento político de eleições presidenciais, de governadores, deputados e senadores “incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas, nos diversos níveis e instituições, promovendo-se formação permanente e ações concretas”.