A discussão sobre o projeto de lei que reajusta em 5% os salários dos servidores públicos estaduais marcou mais um dia de tensão na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), nesta terça-feira (19).
Com as galerias tomadas pelos professores, os primeiros discursos foram feitos pelos deputados oposicionistas, que criticaram o projeto, sendoaplaudidos pelos servidores. Porém, o mesmo não ocorreu quando chegou a vez dos parlamentares da base do governo.
O deputado Hussein Bakri, líder do PSC, mesmo se posicionando contra o projeto do governo e enfatizando que o seu partido firmou posição em favor de uma proposta que garanta ao menos 8,17% de aumento para os servidores, foi vaiado e reclamou dizendo que a atitude dos professores é autoritária e que muitos deles ainda agem desta forma em sala de aula.
Elio Rusch (DEM) foi outro deputado muito vaiado por quem estava nas galerias e disse que foi uma situação inconcebível. “Eu não posso aceitar que no meu local de trabalho (Alep) eu seja interrompido e ofendido como fui. A situação ficou tão insustentável que o Ademar Traiano (presidente da Alep) teve que suspender a sessão”.
A respeito do projeto, Rusch disse que também gostaria de conceder um aumento maior aos servidores, mas que é preciso entender que qualquer reposição salarial tem que estar de acordo com a disponibilidade financeira do Estado. “Não adianta dar um aumento se não se consegue pagar depois”.
Já o líder do governo, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), admitiu que se o projeto fosse votado hoje ele não passaria e enfatizou que sem diálogo ficará muito difícil para que este conflito seja superado.
“A partir do momento em que o diálogo for retomado abre-se um caminho para a negociação, que contemple uma proposta que garanta o fluxo de caixa de 2015 do governo, sem perdas financeiras para os servidores”.
Vamos obstruir tudo
O deputado Tadeu Veneri (PT) disse que a decisão da liderança do PSC e sua bancada de 12 deputados, de não votar nenhum projeto que não garanta no mínimo um reajuste de 8,17% aos servidores abre um caminho para que os parlamentares obstruam todas as sessões da Assembleia, a partir de amanhã (20).
Porém, Bakri garantiu que ainda não foi procurado por Veneri, mas se diz contrário à obstrução. “Eu não posso responder pela bancada. Se o Veneri me procurar apresentarei a proposta para os 11 deputados do PSC, mas eu pessoalmente sou contra, pois entendo que este não é o melhor caminho para resolver o problema”.
Bakri afirmou que amanhã cedo os deputados da base aliada vão se reunir com o secretariado e tentarão um acordo para obter o aumento de 8,17%, mas deixou claro que se esta proposta não for aceita é praticamente certo que a bancada do PSC vetará o projeto de reajuste de 5%. “O governo precisa de paz, porém o governo precisa sinalizar que quer a paz”.