Clima fica tenso no PMDB de Curitiba

O presidente do diretório municipal do PMDB, Doático Santos, anunciou ontem que encaminhou pedido à Comissão de Ética do partido para que interpele o vereador Paulo Salamuni "sobre as reiteradas manifestações desrespeitosas à direção partidária e ao próprio governador Roberto Requião, nosso líder maior". Este é o primeiro passo para um processo de expulsão.

A gota d"água, segundo Doático, foram as declarações feitas anteontem pelo vereador, criticando acidamente a proposta de criação de um gabinete paralelo de oposição. Salamuni qualificou a iniciativa de irresponsável e afirmou que Doático deveria ser afastado da direção do PMDB municipal. Até forneceu uma razão para isso, citando um dispositivo do estatuto do PMDB que abriria essa possibilidade em relação ao dirigente "que conduz o partido a uma derrota eleitoral".

Mas este não é o único motivo apontado por Doático. Ele cita também o recente discurso do vereador no dia da posse, na Câmara Municipal de Curitiba, quando elogiou abertamente o deputado federal Gustavo Fruet (sem partido), um dos desafetos favoritos de Doático, que deixou o PMDB depois de tentar, pela segunda vez, apresentar sua pré-candidatura a prefeito de Curitiba. O grupo integrado por Doático defendeu a coligação com o PT em torno da candidatura de Ângelo Vanhoni (PT) e saiu vitorioso na convenção. Gustavo desfiliou-se e apoiou a candidatura de Beto Richa.

Doático cita o exemplo do vereador Celso Torquato: "Ele votou com a bancada de apoio ao ex-prefeito Cássio Taniguchi (PFL) durante quase todo o seu mandato anterior, não acatou a orientação partidária nas últimas eleições, mas tinha uma convivência harmoniosa dentro do partido. Com relação a Salamuni, perdemos a esperança de realizar um trabalho conjunto. Não há mais a mínima condição de convivência".

O presidente do diretório ainda não conversou com os vereadores da bancada sobre o gabinete paralelo, mas diz que o fará nos próximos dias: "Convidamos todos para a última reunião. Nossa intenção é tê-los conosco nessa tarefa, que não será a crítica pela crítica, apenas. Queremos que o novo prefeito acerte", declara.

Não muda

Ao tomar conhecimento da intenção de Doático, Salamuni não mostrou a menor preocupação e reiterou todas as afirmações que havia feito na véspera, inclusive que considera Doático despreparado para o exercício da direção do PMDB: "Ele que faça o que quiser. Tenho mais de vinte anos de PMDB e vou lutar com as armas de que disponho. Ele quer um processo? Vamos lá. Mas continuo insistindo: quem não lança candidato não tem moral para fazer gabinete paralelo. Em vez de propostas irresponsáveis, Doático deveria renunciar. Até porque já foi arquivado pelas urnas".

A bancada do PMDB tem hoje quatro vereadores: o próprio Salamuni, Luiz Felipe Braga Côrtes, Celso Torquato e Reinhold Stephanes Júnior. Torquato, segundo especulações nos corredores da Câmara, estaria em negociações para deixar a legenda. Salamuni também admite que já não tem muitos motivos para permanecer, independente de qualquer ameaça de expulsão. Braga Côrtes e Stephanes Júnior se filiaram recentemente e não se encaixam no perfil de oposição à nova administração municipal. Desta forma, a representação do PMDB na Câmara corre o risco de minguar de vez.

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