Para vencer a ?cláusula de barreira?, os partidos estão em busca de candidatos ?peso-pesado? para disputar as eleições proporcionais e salvar as siglas da extinção. A reengenharia eleitoral levou alguns pré-candidatos considerados praticamente reeleitos para deputado estadual a rever seus planos e se inscrever para a Câmara dos Deputados.
A cláusula de barreira é um dispositivo da Lei dos Partidos Políticos que exige das siglas a obtenção de no mínimo 5% dos votos apurados para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos 1/3 dos estados. O partido que não conseguir essa votação para deputado federal, não terá direito a reconhecimento no parlamento, perdendo o direito à liderança e à participação nas comissões.
Na Assembléia Legislativa, quatro deputados vão concorrer a deputado federal. Marcos Isfer e Ratinho Júnior, os mais votados da bancada do PPS para a Assembléia Legislativa, são os chamados ?puxadores de votos? da chapa do partido para a Câmara.
No PT, os nomes são os de Ângelo Vanhoni e André Vargas. Cotado para ser o mais votado da bancada do PT para a Assembléia Legislativa, Vargas teve que assumir uma candidatura a deputado federal para impulsionar a chapa petista, desfalcada pela decisão do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de permanecer no governo.
Bernardo era um dos pré-candidatos da lista do PT à Câmara Federal. Como a chapa petista já não contava com o diretor-geral da Usina de Itaipu, Jorge Samek, que também preferiu abdicar da eleição e permanecer no cargo, Vargas foi chamado a fortalecer o time petista para a Câmara dos Deputados.
Até o líder da oposição na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), também estuda uma troca de rumos. Rossoni, também tido como um dos possíveis bem votados da chapa tucana à Assembléia Legislativa, disse que poderá disputar uma vaga em Brasília, se o deputado federal Gustavo Fruet decidir concorrer ao governo do Estado.
Nesse caso, Rossoni tentaria ocupar a lacuna eleitoral deixada por Gustavo, apontado como um dos futuros mais bem votados do PSDB para deputado federal. Em meio à indefinição geral entre os partidos da oposição para a sucessão estadual, Gustavo é a opção para concorrer ao Palácio Iguaçu se os senadores Osmar e Alvaro Dias decidirem ficar fora da disputa ao governo.
No PL, o deputado Chico da Princesa estava estudando uma candidatura à Assembléia Legislativa depois de três mandatos como deputado federal, mas foi convencido pela direção do partido a continuar onde está. O motivo é o mesmo: o PL também precisa de um nome com potencial eleitoral maior para dar suporte à chapa, principalmente depois que parte dos seus quadros mudou-se para o novo partido, o PRB, seguindo os passos do vice-presidente da República, José Alencar.
Desafios
Isfer, que já teve três mandatos de vereador em Curitiba e outros três na Assembléia Legislativa, disse que está na hora de enfrentar um novo desafio. ?Acho que é um momento bom, em que o povo quer no Congresso Nacional representantes que tenham posição. Principalmente agora, depois desse escândalo em que a maioria dos deputados envolvidos no mensalão foram absolvidos?, comentou.
Além do desejo de trocar de ares, Isfer disse que está também atendendo a um pedido do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e do presidente estadual do partido, Rubens Bueno, que estão preocupados com a sobrevivência do partido diante da cláusula de barreira.
Chico da Princesa disse que pensava em concorrer a deputado estadual, mas o partido não conseguiu achar um nome na região de sua base eleitoral que pudesse suprir sua candidatura a federal. Chico, que chegou à Câmara dos Deputados, após cumprir apenas um mandato como vereador em Santo Antonio da Platina, disse que teve de adiar seus planos de ficar no Estado e ver como funciona a Assembléia Legislativa.
?Esse problema da cláusula de barreira faz com que o partido tenha necessidade de candidaturas a deputado federal. Na nossa região, não apareceu nenhum nome para federal. Já para deputado estadual tem uma lista enorme de candidatos?, relatou Chico da Princesa. Por enquanto, o PL tem quinze candidatos a deputado federal, revelou. Chico da Princesa, que fez 72 mil votos para a Câmara dos Deputados, em 2002, foi convocado a encabeçar a chapa, para tentar manter o patamar de votos no PL.