Passados pouco mais de dois meses do fim das eleições, a dança de partidos reinicia no cenário paranaense. E ela recomeçou com uma petista e um prefeito. A deputada federal Dra. Clair anunciou ontem sua saída do PT por causa de divergências ideológicas e incompatibilidade partidária. E o prefeito de Maringá Sílvio Barros já deixou o PP, alegando necessidade de maior liberdade na reforma do secretariado do município.
Dra. Clair, disse que por enquanto vai ficar sem partido, mas aposta na possibilidade de entrar para siglas com alguma semelhança ideológica com o PMDB, PSOL, ou mesmo PV. A deputada afirma que tem afinidade com o pensamento do governador Roberto Requião (PMDB) e que partilha dos mesmos ideais sobre política econômica do peemedebista.
Numa convocação para uma coletiva a ser realizada hoje, Dra. Clair fez questão de elogiar a resistência do governo estadual contra os pedágios e a possibilidade de o governo federal rever o modelo de concessão de rodovias a empresas privadas. A deputada lembrou ainda que, do ponto de vista ideológico, está também muito próxima do PSOL, o que pode se transformar numa alternativa partidária.
Dra. Clair diz que há vários petistas descontentes com a forma com que a legenda vem sendo conduzida pelo presidente estadual, deputado André Vargas. ?Muitos podem vir a sair do partido. Outros estão aguardando?, declara.
Ela afirma que foi prejudicada pela direção estadual do PT, na inclusão de inserções no horário eleitoral gratuito. ?Até o início de setembro, apareci em 17 inserções. André Vargas, em 141. Depois que reclamei no Tribunal Regional Eleitoral, o partido retirou minhas apresentações da propaganda política?, disse.
Vargas avalia que, pelas posições políticas de Dra. Clair – considerada da ala mais à esquerda do PT – ela poderia ter se desfiliado na mesma época em que a senadora Heloísa Helena (PSOL) deixou o partido. ?A saída da deputada é mais ou menos tardia. As posições políticas dela são mais apropriadas ao PSOL?, diz.
Segundo Vargas, a deputada teve todas as oportunidades dentro do PT, participando inclusive de uma prévia para o Senado. ?Mas, os militantes não apoiaram os pontos de vista da Clair?, afirma.
Convite
Já o prefeito de Maringá, Sílvio Barros, que está sem partido desde o dia 2 de janeiro, recebeu anteontem um convite do senador Osmar Dias (PDT) para entrar na legenda. Porém, segundo o chefe de gabinete de Sílvio, Ulisses Maia, o prefeito não deve decidir em qual partido irá se filiar nos próximos 60 dias.
Maia informa que o prefeito deixou o PP para facilitar a reforma do secretariado, o que deve ocorrer nos próximos dois meses. Segundo Maia, Sílvio quer fazer uma ampliação na participação política da administração municipal, já que Maringá terá o dobro de representantes na Assembléia Legislativa. O chefe de gabinete do prefeito explica que as eleições trouxeram uma nova conjuntura política para Maringá, com quatro candidatos a deputado estadual da região se elegendo: Cida Borghetti (PP), Doutor Batista (PMN), Luiz Nishimori (PSDB) e Ênio Verri (PT).
O prefeito de Maringá apoiou Osmar na eleição para o governo do Estado e diz estar honrado com o convite. ?Mas ainda não tomei uma decisão em relação a minha filiação partidária. Pretendo manter a parceria com o senador Osmar Dias, que temos desde a minha eleição para prefeito de Maringá, quando recebi o apoio dele e o PDT indicou o candidato a vice-prefeito?, afirma.
