O deputado Ciro Gomes (PSB) fez hoje, em Fortaleza, seus primeiros pronunciamentos públicos desde que teve rifada a sua candidatura à Presidência da República. Em duas diferentes oportunidades, ele pediu votos para a candidata Dilma Rousseff (PT). A primeira delas aconteceu na convenção do PDT cearense, onde a ex-mulher dele, a senadora Patrícia Saboya, teve a candidatura a deputada estadual oficializada. Ao falar sobre o Brasil que, segundo ele, “está no rumo certo”, Ciro referiu-se à Dilma como “nossa candidata”. Depois, na convenção do PSB cearense, onde o irmão dele, o governador do Ceará, Cid Gomes, deu o pontapé inicial na disputa pela reeleição, Ciro encerrou seu discurso pedindo votos para Dilma e para os candidatos ao Senado, Eunício Oliveira e José Pimentel.
Na convenção de Cid, realizada no ginásio de um colégio no centro de Fortaleza, Ciro começou o discurso lembrando o sonho de ser presidente do Brasil. “Sonho para o qual eu tenho procurado me preparar. Mas a vida pública, especialmente para quem não faz dela meio de vida, não é um lugar para a gente fazer o que a gente tem vontade, nem mesmo o que a gente sonha. A vida pública é para a gente fazer o que for necessário pelo País, pela sua comunidade, pelo seu Estado”, resignou-se.
Em seguida, falou sobre os dias longe do Brasil. Ciro viajou para os Estados Unidos logo depois de ter a candidatura negada pelo PSB. “Passei uns dias, lambendo as feridas, triste, pensando que a vida era ingrata. Mais ou menos uns três dias. No segundo dia, eu estava ali com meu filho Ciro, viajando e eu graças a Deus tive uma intuição que… tudo bem. Eu queria muito ser, mas não vou poder ser”, relatou.
Mais adiante, afirmou que na política ninguém pode se arvorar a ser “o dono da verdade”, sob o risco de “ficar falando sozinho” e afirmou que a decisão de não levar a candidatura dele adiante foi feita por quem queria o melhor para o Brasil e para o povo. “Aqueles que decidiram, decidiram pensando no melhor para o País. Decidiram pensando no que era melhor para o nosso povo brasileiro. Então, por mais que eu ache que pudesse estar errado, por mais que eu achasse que eu podia ser melhor, a gente não pode querer na política especialmente, mas na vida também, não pode querer ser dono da verdade. E quem na política se arvora de dono da verdade, às vezes, fica falando sozinho contra a imensa maioria da inteligência das pessoas.”
Tasso Jereissati
No restante do discurso, Ciro ocupou-se em elogiar o arco de aliança com 16 partidos construído pelo irmão para reeleger-se governador. Ciro enalteceu o jeito “manso” e “delicado” de diálogo que, segundo ele, Cid tem. Aproveitou para lançar uma indireta ao padrinho político, senador Tasso Jereissati (PSDB), que decidiu romper com família Ferreira Gomes e lançar Marcos Cals na disputa ao governo estadual.
“Fiquem sossegados os cearenses porque desta vez eu não vou importunar os eleitores do Ceará. O que me dá de novo essa leveza e essa alegria com a qual eu chego na convenção dessa generosa coligação, que só o jeito manso, delicado de diálogo, de paz política, que o Cid tem, é capaz de construir. E só não participa dela quem não quer”.
Na convenção do PDT, Ciro atacou a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), dizendo ser preciso um movimento para “banir a mentira”. No Ceará, Luizianne é aliada política do governador Cid Gomes, mas inimiga política da ex-mulher de Ciro, Patrícia Saboya. As duas viraram adversárias na última disputa pela Prefeitura de Fortaleza.