O ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional, Ciro Gomes (PDT-CE), afirmou que o Partido dos Trabalhadores (PT) não é o problema do Brasil quando questionado de quem era a culpa da atual situação nacional. “Culpa é um conceito católico extremamente retrógrado. Não é o PT o problema do Brasil. Aliás, a minha raiva é uma paixão magoada. Minha coisa é com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não com o PT. Não atribuo culpa a ninguém e o PT, no fim, é o lado bom da história. O problema é que o PT falhou, fracassou, e expôs todo o pensamento progressista a um retrocesso”, disse há pouco a uma plateia de mais de 200 pessoas e convidados no auditório da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

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Ele citou que o quadro do PT é despreparado. “Palocci, por exemplo, foi fazer besteira. Dirceu, meu amigo, não podia fazer o que fez. Não é culpa. É que nós, do nosso lado, não podemos fazer isso”, disse, dizendo ainda que o fato de Lula ter se encontrado com Renan Calheiros recentemente foi um erro. O político comentou também que não tolera os comentários de que o povo do Nordeste não é mobilizado. “Isso é literatura lixo. A presidente afastada Dilma Rousseff ganhou em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e perdeu em Pernambuco. Tem uma confusão aí que tem que ser considerada. Nosso povo está decepcionado e está ressabiado”, disse.

Candidato para a presidência em 2018, Gomes foi questionado pela plateia para explicar o que ele traria de diferente para o Brasil se fosse eleito. “Não sei. O eleitor que tem que me julgar. O que eu tenho que apresentar é 36 anos de história, sem inquérito nenhum, não usufruí das franquias do poder, nem utilizei essas imoralidades de tríplex e não tenho conta da Suíça. Eu tenho uma vida, não sou mais uma proposta”, disse. E ressaltou que a família dele não domina o Ceará, já que ele não tem nenhum rádio, TV. “Qualquer oligarca do Nordeste tem uma rede de TV”, ressaltou.

Sobre o seu projeto nacional de desenvolvimento, o ex-ministro explicou que a ideia dele não é “a qualquer custo”, mas que tenha começo, meio e fim, acentuado em poupança doméstica, com novo modelo de construção estratégica planejada e emancipação do agronegócio. “Não vamos inventar outro País”, disse.

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Sobre uma proposta de reforma política, Gomes sugere estatização de campanhas e financiamento público, além do recall, que é convocar a população para saber se o chefe do executivo permanece ou não no cargo, que valeria quatro eleições (mandatos) para frente. Antes, na palestra, o ex-ministro criticou o presidencialismo de coalização que, para ele, nada mais é do que mistificação grosseira, corrupção, fisiologismo que lembra República Velha. “O discurso político está completamente desmoralizado no País”, afirmou.

Especificamente sobre Dilma, Gomes, que falou estar á disposição da presidente afastada em sua defesa, avalia que ela está “caindo” pela “desconstituição pelo povo e pelos seus discursos moralistas”. “Não é por pedalada. Ela é honesta e herdou governo mestiço”, disse. “Me afastei deles, porque eu sempre disse ‘não vai dar certo, vai dar merda'”, completou. Sobre ela dizer que não conhecia Temer de verdade, o ex-ministro ironizou: “Todo mundo tem direito de ser inocente, menos na política. Chapéu de otário é marreta. Ela ouviu muito de mim e de Lula sobre ele”, declarou.

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E, no final, questionado por uma pessoa da plateia sobre Temer, ele disse: “Fora Temer sem nenhuma dúvida. Primeiramentem fora Temer”, aplaudido na sequência. (Suzana Inhesta – suzana.inhesta@estadao.com)