Apesar da boa performance nas pesquisas de intenção de voto, aparecendo em alguns cenários à frente da pré-candidata do governo, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) tem dois grandes desafios para viabilizar a sua candidatura ao Palácio do Planalto. Ele terá de construir palanques competitivos nos Estados e ainda conquistar legendas que lhe garantam tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.
Sozinho, o PSB tem apenas 1 minuto e 11 segundos diários em cadeia nacional, tempo que pode dobrar com a ajuda dos partidos que não lançarão candidato. Isso, porém, não sustenta uma campanha competitiva. Nesse cenário, está nos planos do deputado uma coligação com o PDT e o PC do B, partidos que integram o chamado “bloquinho” de esquerda.
Há, porém, arestas a aparar e complicadores. Um dos exemplos é o PDT, que na eleição passada lançou o senador Cristovam Buarque (DF) na corrida presidencial. Agora, setores do partido defendem que se repita a candidatura própria em 2010.
Outro fator a ser solucionado é o racha da base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Ninguém acredita que a eventual aliança entre PSB, PDT e PC do B possa ser definida à revelia de Lula. Apesar do bom desempenho de Ciro, com pesquisas apontando chances concretas de ele chegar ao segundo turno, petistas apostam que o presidente não vai liberar as legendas para a composição.
A distribuição do tempo do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV é feita entre os partidos proporcionalmente ao número de deputados eleitos na última votação. O PSB não foi dos piores, mas, mesmo assim, ficou em sexto lugar.
Não existe ainda definição da partilha de tempo, mas um cálculo preliminar, levando em conta que todos os 27 partidos existentes apresentem nomes para a sucessão de Lula, deixaria o PSB com 1 minuto e 11 segundos, dentro de um horário total de 25 minutos. Esse tempo certamente será maior, já que o horário destinado aos partidos que não lançarem candidatos será dividido, também proporcionalmente ao tamanho das bancadas eleitas, entre as legendas que concorrerem.
Essa conta indica, de pronto, dois problemas. O PSB de Ciro teria hoje praticamente um terço do tempo a que o PT tem direito (3 minutos, no cenário com 27 candidatos) e também menos que o PSDB (2 minutos e 27 segundos). Como a tendência é de que os partidos da base se unam em torno de Dilma e os de oposição se aliem ao governador paulista, José Serra (PSDB), Ciro terá muito menos tempo para sua propaganda eleitoral na TV. Ou seja, se não se tornar o “plano A” do presidente Lula, precisará desesperadamente de coligações para aumentar a sua exposição.