O candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes (PPS), defendeu ontem em Curitiba o coordenador geral de sua campanha, deputado federal José Carlos Martinez (PTB), que vem sendo questionado sobre suas vinculações comerciais com a família de Paulo César Farias, o ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor.
Ciro admitiu que as notícias sobre os vínculos de Martinez com Collor estão incomodando, mas depois de tentar se esquivar de comentar o assunto na entrevista coletiva, disse que não há nada que possa desabonar seu coordenador de campanha.
“Não vou permitir que calúnias sem provas possam enfraquecer a minha estrutura de apoio. Quem manda na minha campanha sou eu”, afirmou o candidato. Ele não aceitou o afastamento de Martinez da campanha e em declarações anteriores disse que o assunto estava encerrado, justificando que as relações privadas do petebista não lhe dizem respeito.
Além do constrangimento sobre o passado do seu coordenador de campanha, Ciro também enfrentou outro momento desconfortável na sua passagem por Curitiba. Ao dexar o Cietep (Centro Integrado Empresarial da Federação das Indústrias do Paraná), o candidato da Frente Trabalhista seguiu com Álvaro Dias (PDT) – candidato do grupo ao governo do Estado para o centro da cidade, onde começaram uma caminhada, que foi interrompida porque Ciro não gostou da organização da atividade. O candidato ficou com medo que o grande número de pessoas, principalmente mulheres e crianças, pudessem gerar algum incidente. Acabou desistindo no meio do trajeto – ele iria da praça Santos Andrade até a Boca Maldita -e embarcou num táxi em direção ao Aeroporto Afonso Pena.
O senador Álvaro Dias percorreu o trecho mais um pouco, mas não chegou a completar o percurso. Ciro já havia desistido de fazer uma carreata a bordo de um Chevrolet 1954 conversível devido ao tumulto que se formou na saída do local onde ele se reuniu com os empresários.
Conversa
Pela manhã, Ciro Gomes expôs suas propostas de governo a um grupo de empresários na sede do Cietep. Ele disse que não dá muita confiança a sua ascensão nas pesquisas de intenções de votos, onde aparece como o segundo colocado isolado, distante do candidato tucano, José Serra, mas ainda atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “As pesquisas são fundamentais para a qualidade do debate. Todos os candidatos deveriam aproveitar estas oportunidades para discutir os problemas do Brasil. Para o candidato, as escolhas do eleitor não devem se basear em pesquisas, mas devem ser uma opção qualitativa, tendo como referências a experiência administrativa, a vivência e as propostas dos candidatos”.
Uma questão a ser administrada
O duplo palanque de Ciro Gomes no Paraná, do senador Alvaro Dias (PDT) e do deputado federal Rubens Bueno (PPS), foi considerado como uma questão delicada pelo candidato trabalhista a presidente da República. “Tenho que administrar esta questão, que é delicada. Infelizmente, no Paraná, não foi possível a união dos três partidos que compõem a Frente Trabalhista no plano nacional – PTB, PPS e PDT”, comentou o candidato.
Ciro teve que se dividir ontem entre Alvaro e Bueno. Ao chegar no Cietep, ele foi recebido pelo candidato do PPS ao governo, que o acompanhou até o auditório, onde faria a palestra para os empresários. Já dentro do auditório, foi a vez de Alvaro ficar ao seu lado. O pedetista dividiu a mesa de autoridades com Ciro enquanto Bueno ficou na platéia e não mais se encontrou com o correligionário. Ciro cumpriu os demais compromissos de campanha em Curitiba na companhia exclusiva de Alvaro.
O pedetista minimizou a disputa. “Não tenho que ficar discutindo o palanque dos outros. Eu tenho o meu próprio palanque e o Ciro veio a meu convite”. Para Álvaro, a situação não deve evoluir para maiores conflitos. “O Ciro não vota no Paraná. Logo, não tem que escolher nenhum candidato ao governo”, afirmou.
Bueno afirmou que não se sentia constrangido em ter que disputar a atenção do candidato do seu partido com Álvaro. “Aqui é um palco de presidenciáveis ( o Cietep) e não acho constrangedor vir aqui dar boas-vindas ao Ciro. Seria indelicado se o candidato a presidente do meu partido viesse a Curitiba e eu não aparecesse para dar as boas-vindas”, comentou.