Eleições 2014

Cientistas políticos apostam que PSB deve lançar Marina

Cientistas políticos ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apostam que, com a morte nesta quarta-feira do candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, o partido deve lançar a candidatura da vice na chapa, Marina Silva, na corrida ao Palácio do Planalto. A avaliação inicial é a de que o “fator simpatia” com a consternação pela tragédia pode impulsionar uma eventual chapa encabeçada por Marina com resultados até melhores do que obtidos por Campos até o momento. Mas ressalvam que a estratégia só dará certo se ela mantiver os acordos eleitorais costurados por Campos, agindo de forma pragmática.

“O PSB não tem outra alternativa a não ser confirmar ela. O partido não tem outro candidato e precisa lançar uma chapa bem forte para puxar as alianças nos Estados”, afirmou o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). Ele aposta que no início da próxima semana, passado o período de luto, o partido vai se reunir para lançar Marina e escolher o vice dela. Pela legislação eleitoral, o PSB tem preferência na indicação do cabeça de chapa, mas pode abrir mão para os outros cinco partidos que compõem a coligação assumir a candidatura. O nome, entretanto, deverá ter o apoio da maioria da aliança. Em 2010, Marina obteve no primeiro turno 19,6 milhões de votos (19,33%).

Se antes tinha dúvidas, David Fleischer considera que, com Marina no páreo, a possibilidade de se ter um segundo turno é 100% fechado. O também cientista político da UnB Paulo César Nascimento tem opinião distinta de Fleischer. Para ele, a entrada de Marina pode contribuir para uma reeleição em primeiro turno da presidente Dilma Rousseff.

Paulo César Nascimento avalia que um dos prejudicados com a saída de Campos da corrida eleitoral é o candidato do PSDB, Aécio Neves. Segundo ele, o presidenciável do PSB retirava votos de Dilma no Nordeste, o que favoreceria o tucano. “O Aécio certamente é a primeira vítima, independentemente de Marina se lançar como candidata”, ponderou. Nascimento lembrou que o PSB vai ter problemas se apoiar a candidatura de Marina, uma vez que o “casamento” entre o partido e a Rede Sustentabilidade, legenda cujo registro de criação foi negado e acabou sendo abrigada pelos socialistas, sempre foi “bastante tumultuado”. “O Campos teceu alianças regionais e ela fez de tudo para bloquear os acordos”, destacou.

O cientista político Murilo Aragão, da consultoria Arko Advice, afirmou que a tragédia pode ressaltar o potencial eleitoral de Marina, que, frisou, sempre quis ser candidata a presidente. “Na substituição, ela pode ficar acima dos pontos que o Campos”, disse, que também aposta num segundo turno com esse cenário. Murilo Aragão considerou ainda que, além de facilitar a vida de Dilma no Nordeste, a eventual entrada de Marina “encurta” os espaços da petista e de Aécio no Sudeste. Ele ainda considera que a tragédia trará uma maior atenção do eleitorado para as eleições, reduzindo o número de indecisos – na última pesquisa Ibope, divulgada na semana passada, 24% dos entrevistados anunciaram votar em branco, nulo ou estavam indecisos. Para ele, paradoxalmente, a morte de Campos vira um “eleitor importante”. “Seu falecimento vira um catalisador de indecisos”, destacou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna